08/02/2009

TONIGHT SO BRIGHT

Foto: Rebeca Gorender, roubada do blog Dois em Um (show do dia 28/11/08 no Boomerangue - Rio Vermelho - Salvador)


Time is never time at all
You can never ever leave without leaving a piece of youth
And our lives are forever changed
We will never be the same
The more you change the less you feel

Believe, believe in me, believe
Believe that life can change
That you're not stuck in vain
We're not the same, we're different tonight
Tonight, so bright
Tonight

And you know you're never sure
But you're sure you could be right
If you held yourself up to the light
And the embers never fade in your city by the lake
The place where you were born

Believe, believe in me, believe
Believe in the resolute urgency of now
And if you believe there's not a chance tonight
Tonight, so bright
Tonight

We'll crucify the insincere tonight
We'll make things right, we'll feel it all tonight
We'll find a way to offer up the night tonight
The indescribable moments of your life tonight
The impossible is possible tonight
Believe in me as I believe in you...
Tonight

(Smasihng Pumpkings)

Fui ao show do lançamento do CD do Dois em Um, projeto dos músicos e casal Luisão Pereira e Fernanda Monteiro sem saber ao certo o que me aguardava. Sabia que o som seria de qualidade, pois por Luisão ser multinstrumentista (ex-Penélope) e produtor musical, imaginava que passeava por várias searas e daria conta da proposta ao lado de sua parceira.

De Fernanda, eu só sabia que era vioncelista clássica (integrante da OSBA), linda, simpatissísima e que tem um gosto musical contemporâneo. Ela e Luisão foram duas ou três vezes lá em casa, levados por amigos em comum, quando eu ainda morava na Graça, e vendo o CD do Nick Drake ela comentou algo sobre "Cello Song".

Apesar de ter lido a matéria que saiu n'A Tarde sobre o show, eu fui para lá realmente despreparada. Fiquei com a palavra "melancolia" um pouco na cabeça, mas ela de certo modo não combinava muito com a impressão que eu tinha nem de Fernanda nem de Luisão.

Chegando ao Teatro Vila Velha, lamentei por não ir tão pouco ao teatro. Nem parece que sou filha de diretor de teatro e irmã de duas atrizes, e que passei parte da minha infância a adolescência nos bastidores. Lamentei também pelo espaço tão majestoso do Vila ser tão pouco reverenciado e ter que sobreviver, sabe-se lá como, batalhando patrocínios.

Nos acomodamos numa mesa de frente para o palco, embora a timidez de A. quisesse uma mesa menos escancarada no ambiente do Cabaret Café, onde se realizou o show. Mas eu queria ter a oportunidade de ver a dupla, participar dos pequenos momentos entre eles, compartilhar silenciosamente. E quando chegamos ao café do Vila Velha, ele ainda estava vazio, e as mesas ocupadas de uma forma que só praticamente nos restou aquela, na frente mas ao mesmo tempo no canto, nos convidando.

Então entram os dois. Para minha surpresa, Fernanda canta. Curioso, eu nem havia pensado que havia vocal. Nem que não havia. E, se havia, quem é que cantaria. Simplesmente abstraí o assunto. Então, foi uma surpresa ouvir a bela voz de Fernanda, dando o tom da noite.

E o tom é a suavidade. Aí nesse ponto, discordo em relação à melancolia. Não é nada melancólico, é suave, na melhor expressão da palavra, ou no que ela tem significado para mim.

Engraçado é que dentre as referências que li nas críticas no blog do My Space deles, todas muito boas, do que eu não discordo, eu vi muitas referências à Nara Leão (seráááá?), e ao Portishead, mas não vi nada escrito sobre o Stereolab.

E quando eu ouvi "Dias", que por enquanto está entre as minhas preferidas, imediatamente me veio à mente não algo sofisticado, cool, etéreo como Portishead, mas algo mais alegre, leve, colorido, juvenil como Stereolab.

"E Se Chover?" tem uns arranjos que me lembram Mutantes (eu e minha poucas referências musicais, claro que devem ter muito mais coisas lá no meio, tem toda uma coisa muito mais contemporânea no meio disso tudo).

Todas as músicas são de uma beleza profunda, como "Florária", e o Samba "Quem Era Eu?", que quando foi tocado, foi meio contagiante (para mim, isso que é samba, essa coisa meio os primeiros discos de Chico, 1966/1967, que eu tenho ouvido muito). A letra, com um certo quê de orgulho, com palavras um pouco arcaicas, me remeteu um pouco a Noel (claro, isso tudo é no meu imaginário, não é uma crítica especializada), e eu pensei: "deve ser um samba antigo que eu não conheço, muito bom esse samba!". Aí, hoje vou ver no CD que comprei, e o autor é Luisão! Ponto para o moço, né?

Para matar a véia a Fernanda e o Luisão me veem com "Tonight Tonight", dos Smashing Pumpkings. Aí foi fogo. A força do roque vindo com toda aquela suavidade. Eu ouvia no meu íntimo a voz de Billy Corgan se lamentando, e ao mesmo tempo a voz de Fernanda, apaziguando as coisas. Era como se fosse o encontro de tudo, a resolução da equação.

Eu, a punk, que gritava todas as músicas e para quem Smashing Pumpkins era uma banda leve, estava lá adorando ouvir tudo aquilo, num final de semana em que eu tinha me descorberto muito apaixonada pelo A., confiante e feliz por ele estar ao meu lado, compartilhando boa música comigo.

Ele também estava gostando de estar lá, embora não fizesse a mínima idéia de quem seja Smashing Pumpkings, e realmente, não é isso que importa. A sensibilidade dele permitiu que adorasse o show e ficou de cara com a humildade dos dois, o que eu referendo. Ao final do show, na hora de autografar meu CD (é claro que eu tinha que ter meu momento tiete), Fernanda falou que sabe das limitações de sua voz.

Quase esqueci de contar que entre as minhas preferidas também está a, segundo Luisão, brega (todo mundo tem um monento meio Márcio Greik, meio Odair José) "Eu Sempre Avisei", e a talvez mais down do CD, "Mais Uma Vez".

Mas a mais mais, o meu hit, a lálálá, é sem dúvida, "Do Seu Lado". Aimeudeusdocéu. Tocaram no show e já era. Eu me hiptotizei, transcendi. Depois eu fui ver que o parceiro de Luisão nessa música é o Peu Sousa, que fez várias pérolas e que eu admiro bastante como músico. Ficou redondinha, e agora eu acho que posso, sem pieguice, compartilhar as palavras da letra (apesar dela ter sido escrita num estado melancólico e eu não me sentir nada assim no atual momento):

"...
Acordar do seu lado é nascer
Dormir com você é existir
(...)
Esta melancolia é um contraste, um disfarce sem explicação
Para quem tem você na vida a tristeza é uma contradição"

3 comentários:

  1. Afê, "Tonight Tonight" é de tirar o fôlego.... Imagino sua emoção Tatinha :)
    Que lindo que o amor está no ar!! Cruzando meus dedos por você, sempre, sempre...
    Te amo mucho

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  2. Muito boa ideia o lance do guestbook do the cramps!!!


    Como tá seu inglês? Consegue traduzir legal pra mim?

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  3. Nooossa, Quirino, meu inglês tá como sempre foi: mal das pernas. Pena não poder te ajudar. Eu não saberia nem escrever esse comentário em inglês!!!

    Bjos, mas vê se acha alguém para traduzir a carta!

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