28/03/2009

VÁ E ME CHAME

Ingressos da peça

Vista de um pedaço do MOM

Nessas férias, estou aproveitando para conferir algumas peças do Festival de Curitiba. Logo que cheguei fui ao Müeller comprar os ingressos, e as poucas peças da mostra oficial que eu gostaria de ver não tinham datas disponíveis com o meu calendário de TIA (sim, sou tia de um bebê lindo, mas isso fica para outro post).

Peguei a revista com a extensa programação e comecei a analisar o cruzamento de datas e horários, lembrando de um amigo de uma amiga (não conheço o cara pessoalmente, mas deve ser uma figura!) que faz planilhas no Excel quando participa de Mostras de Cinema, tipo vê seis filmes por dia.

O burbirinho lá na fila do Müeller estava grande. Logo de cara, aquela constatação: "nooooossa, como Curitiba é moderna!". Mas depois, passa e fica normal. Principalmente após uma olhada mais apurada na programação do Festival. Monólogo com Marília Gabriela? Comédias com "atrizes" do Zorra Total? Ter povo indo ao teatro é legal, mas não significa necessariamente que esse pessoal está indo ver coisas boas.

Gostaria de ver "Calígula", pelo texto e tb para agradar minha mãe, que AMA o Thiago Lacerda (risos), "O Zoológico de Vidro", porque acho que Tenesse Willians é satisfação garantida e gosto da Cássia Kiss, e tb gostaria de ter visto "Rainhas", com a Julia Lemmertz, se bem que parece que deu um chabu pela duração de 4 horas da peça.

Mas no Fringe, acabei escolhendo os dramas (oh, que novidade!) para ver com mamacita. Minha tendência é escolher clássicos, por mais que algumas sinopses me atraiam. Mas a gente nunca sabe o que vai encontrar pela frente. E percebi que o Fringe e até mesmo a Mostra têm isso, muito número e não exatamente o mesmo em qualidade.

Maíra, minha irmã que é atriz, já veio para o Fringe produzindo uma peça e falou que no Fringe o povo vem bancando o seu, então quanto mais gente vier, melhor. O que interessa para a produção é o número de inscritos, eles querem ter essa marca, de muitas peças participantes.

A primeira peça que fui ver foi "Fala Comigo Como a Chuva". Texto de Tenesse Willians, dois atores no palco. Trilha sonora escolhida a dedo, com músicas antigas francesas, alemãs. Os atores, muito bons. Na medida certa. Passam o que todos nós já sentimos numa relação a dois. Sacadas do cenário e do figurino fenomenais, atemporais, clássicas e profundamente vanguardistas ao mesmo tempo. Gostei muito da peça, se pudesse ver outras da Companhia, conhecer mais dos atores e da diretora, iria a fundo.

No mesmo dia, fui ver "A Casa de Bernarda Alba", de Garcia Lorca. Foi um contraste, pois a peça tinha um lenco bem maior, dança e música ao vivo, era outro gênero de espetáculo. Os atores (as atrizes, melhor dizendo - o elenco é todo feminino) não me pareceram tão afinadas, embora de qualidade. Tinham algumas bem experientes, outras novinhas. Nenhuma fez feio. Gostei bastante do figurino e das soluções das danças, dos véus, aquela coisa bem austera do luto. A bengala da matriarca marcando o compasso percurssivo, uma coisa meio rodriguiana da tragédia anunciada quando a opressão e a moral são excessivamente rígidas.

Por mim, suprimiria sem dó nem piedade alguns trechinhos mais "engraçados". Achei um saaaaco! Sem graça total, e ainda tinha que ficar aguentando a platéia rir. Riem de quê, meu Deus do céu? Acho que banaliza, perde a verve. Tenho a impressão que fazem para que o público médio consiga digerir o amargor que é o texto.

Soy contra.

Uns dias depois, fui ver "2 de novembro". Não rolou, Bial. O texto tratava da relação mãe e filho e uma maneira meio superficial. Muita gente na platéia chorou, de soluçar. Eu tinha ovntade de lixar as unhas. Quer ver o que é drama de mãe e filho? Ligue djá, saímos comentando eu e mamãe querida (os mais chegados sabem beeeem do que eu falo). Não vira, uns dilemas de família classe média, com som de Roberto Carlos ao fundo, uma coisa kitsch demais.

"Nóis" só gosta se for drama bem di profundis mesmo.

Hoje vou ver "As Bruxas de Salém", e amanhã, "Camille Claudel".