31/01/2008

OH RIO RIO DANCE ACROSS THE RIO GRANDE


No meio da pedra, uma rua chamada túnel (Foto de celular)

Enquanto passeio pela rua, fica cantarolando: rua Nascimento Silva, cento e sete, você ensinando para a Elisete as canções de Canções do Amor Demais... Sempre que venho ao Rio fico com essa coisa fantasiosa, da Bossa Nova, imaginando a cidade e os moradores na minha cabeça, ouvindo o sotaque como se eu estivesse num lugar meio imaginário.

A primeira certeza: quero morar em Copacabana! Logo depois desfaço meu pensamento, pois às vezes um desejozinho assim à toa pode dar certo, e quando acontece de verdade pode nem ser tããão bom assim - vide o quanto eu desejava morar em Salvador.

Lamentos à parte, Copacana me engana, Copabacana, o som do bairro tamborila à toda hora na minha mente - como o próprio som da cidade, de suas ruas, da sensação de estar no ícone da brasilidade. Na minha visão, um ícone muito mais autêntico e pego na unha pelos cariocas, esses sim valentes, assumidos, firmes, fortes. Mas que fumam na rua, fumam!

05/01/2008

RESULTADOS


CRA apreende madeiras nativas da Mata Atlântica, prende 2 pessoas e fecha 2 serrarias em Amargosa.

O Centro de Recursos Ambientais - CRA, em parceria com o Ministério Público Estadual e a Polícia Civil, apreendeu grande quantidade de madeira de lei, proveniente da Mata Atlântica, no município de Amargosa, na localidade de Lagoa de Dentro. No total, foram apreendidas 65 pranchas de vinhático, com volumetria de 4,84 metros cúbicos e 58 peças de massaranduba, com volumetria de 2,58 metros cúbicos.

Durante a operação, ainda foram detidos os irmãos Neilton e Nilton Lemos dos Santos, os principais responsáveis pelo desmatamento na região, após terem sido flagrados beneficiando madeira nativa - vinhático e massaranduba. Eles mantinham duas serrarias e um areal clandestino, todos interditados pelo CRA. Essa ação foi desencadeada depois de um primeiro mapeamento aéreo, com o helicóptero do CRA, através de um minucioso trabalho de inteligência. As madeiras apreendidas estão sob a guarda da Promotoria de Justiça e da delegacia policial de Amargosa.

A ação de Fiscalização Ambiental Integrada em Amargosa é o resultado de um novo modelo de fiscalização ambiental, que integra o Sistema de Proteção Legal da Mata Atlântica - SISPROT. Uma base ambiental, que atenderá, inicialmente, as regiões do Recôncavo e Baixo Sul, vai ser inaugurada no município. Nesse novo formato institucional estão presentes o Ministério Público Estadual, a Polícia Civil, através do Departamento de Polícia Ambiental, e o próprio CRA.

Fonte: SEIA


Êêêêêê que orgulho que tenho dos meus colegas! Isso já é resultado daquele sobrevôo que a gente fez no final do ano passado! Mas sem a força, determinação, ética e coragem, que para eles são rotineiras, eles não teriam conseguido pegar esses dois, que eram os principais armadores do esquema ilegal na região. Cara, quando foram ver a ficha policial dos dois caras, era tão suja, mas tão suja, que eles ficaram lá na "deléga" mesmo.

É o que todo mundo já sabe: o crime ambiental anda de braços dados com outras contravenções: trabalho escravo, sonegação fiscal, corrupção em várias instâncias. O tráfico de madeira e o de animais silvestres é o terceiro negócio ilegal mais lucrativo do mundo, estando atrás somente do de drogas e de armas.

Estamos trabalhando, com afinco!

02/01/2008

E LA NAVE VA

O bichinho narigudo

Posando de alerta, mas morrendo de sono, às seis da matina

Um dos muitos desmatamentos na Serra do Timbó

Árvores? Para quê?

Flagrante de carregamento ilegal de madeira

O pouso, no pacato estádio de futebol de Amagosa - BA

Esses dias andei de helicóptero pela primeira vez. Cada vez que me perguntavam se eu já havia realizado um sobrevôo e eu respondia que não, eu não chegava a ficar constrangida, mas pensava: tenho que fazer. Desde 1997, quando eu trabalhava no Parque do Conduru, sentia na pele a impossibilidade de não ter essa ferramenta para poder monitorar o território.

Na época em que eu estava no licenciamento, novamente nunca fiz um sobrevôo. Cá para nós, eles sempre eram pagos pelas empresas, e muitas vezes substituíam as inspeções de campo, então eu nunca quis entrar nesse bolo. Sempre fiz as coisas da minha maneira - da mais difícil e trabalhosa, porém sem resquícios de desonestidade ou faltas de rigor técnico ou legal.

Agora não, conseguimos, por meio do esforço pessoal da Coordenação onde trabalho, o aluguel de uma aeronave para trabalhar. Que diferença! Antes, se vc queria ou precisava voar, vc era um fresco, estava inventando moda, afinal vc era um peão, e peão não tinha nada mais a fazer do que assinar as porras do papéis que eles queriam, além de se foder em campo, é claro.

Os técnicos que voavam nas inspeções não o faziam por terem argumentado com suas Coordenações, mas sim porque as empresas disponibilizavam o helicópetero, e via de regra o Coordenador sempre queria fazer média com a empresa, e quando possível reduzir o tempo de inspeção do técnico, para agilizar a expedição da licença. Em suma, tudo faz parte de um pacote de troca de gentilezas entre órgão ambiental e empresas, que inclui hospedagem paga para o técnico, embora este receba sua diária para tais despesas.

Foi por não concordar com estas e outras práticas que saí do Licenciamento.

Agora, na Fiscalização, tendo os dias muito felizes no CRA - se bem que meu início no Licenciamento também foi muito bom, porque eu aprendi muito e ainda não tinha descoberto em quantas armadilhas eu poderia cair - finalmente fiz meu primeiro sobrevôo.

Fomos para a região de Serra do Timbó, onde o desmatamento está atingindo níveis alarmantes. Aliada à pressão antrópica, a prioridade de conservação dos remanescentes florestais na região fizeram com que se formasse uma Base Ambiental, numa parceria entre o CRA, o Ministério Público Estadual, a Delegacia Ambiental da Polícia Civil , a Prefeitura de Amargosa e a ONG Centro Sapucaia, com o apoio do Projeto Corredores Ecológicos.

Neste sobrevôo, fomos fazer um reconhecimento da área e marcar as coordenadas e acessos das principais infrações na região, para então planejarmos uma operação por terra. Como eu sempre ouvia histórias de gente que passava mal no helicópero, tomei um Plasil antes, com receio de passar mal lá em cima e ter que pedir para descer.

O que eu não levei em conta é que quando tomo Plasil fico completamente mole. Assim, foi entrar no helicópetero e começar a ter sono. No começo, pensei que era porque eu havia acordado muito cedo - cinco da manhã. Mas depois, o sono não passava. Era para eu estar entusiasmada, mas eu só queria dormir.

Organização à toda. Uma fotografa, outra anota, outra tira o ponto. Eu anotava. O lápis escorregava. Carla - minha Coordenadora - falava: não é sete, Tati, é três. Ai, que vergonha. Eu entendia tudo, juro que entendia. Queria explicar para ela que não era por querer, que eu não era relapsa. Tentava prestar mais atenção. Presatava, não que eu não prestasse. Afinal, o que a gente via lá embaixo era tão grotesco que não tinha como ficar alheio. O que lamento é que eu não estava com toda a minha capacidade de raciocínio, por causa do Plasil!

Desmatamento? O primeiro, a gente fala: olha lá, pega a coordenada. Bizarro. No começo, pega Coordenada até de rocinha de mandioca. Depois, fica claro que tem que estabelecer uma metodologia. Claro que isso todo mundo sabe, mas quando tá lá em cima dá uma empolgação e a gente quer pegar coordenada de tudo. Besteira. Tem que otimizar o tempo da aeronave, que não é nada barato.

Foi impressionante o número de áreas sendo desmatadas no exato momento do vôo, e o carregamento de madeira tb. O interessante é que a galera sai correndo ao ver o helicópetro se aproximando, ou seja, eles têm perfeita noção que estão praticando um delito.

Depois de ver tanto desmatamento, lá de cima mesmo dá para fazer um diagnóstico entre a parte norte a a parte sul da Serra, as diferenças na dinâmica no uso e ocupação do solo - as ameaças mais preementes e as ações mais urgentes. Agora era voltar pro escritório, planejar e finalmente - graças às condições que finalmente foram disponibilizadas aos técnicos para exercerem eticamente suas funções - botar a mão na massa.