26/02/2009

SALMORA

Passeio das Nove Ilhas
Visitando os manguezais pela Lagoa de Mundaú

Algumas ilhas são habitadas, e nessa tinha uns Pinus horrorosos! Quem plantou isso?
Numa delas, teve até criação de bodes e cabras, que o órgão ambiental, sabiamente, proibiu.


Um canalzinho lindo, onde só se entra em embarcações menores

O pescador, contando que no dia anterior achou um super cardume que lhe rendeu 47 kg de peixe. História de pescador?


A "cebola do mar", um tipo de água viva, mas que não queima.

No final do passeio, passagem sobre a ponte e o etenoduto da Braskem

Estragando a paisagem

Uma coisa que me causou assombro foi a fábrica da Braskem à beira-mar. Como pode, a região tradicionalmente mais nobre em todas as cidades, ser entregue de mão beijada para uma indústria? O que me chamou mais atenção foi o impacto visual, mas esse sem dúvida é só um dos múltiplos impactos associados ao empreendimento.

Quando voltei e fui pesquisar sobre o assunto, não deu outra. A Câmara de vereadores debateu o tema, mostrando-se favorável à relocação da indústria. Para mim, é o mínimo que deveria ser feito. Lugar de indústria é num Pólo Industrial, que preferencialmente tenha sido desenhado com todas as opções necessárias para garantir a saúde humana e do meio ambiente. E mais, eles devem sair de lá e continuar mantendo a área como um Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.

Obviamente, com aquela localização, fica muito mais difícil de manter boas condições emergenciais. E, pelamordedeus, que privilégio é esse? Qualquer um vem e se instala como e onde quer? Sem regras, sem normas?

A "desculpa" para a instalação da indústria no local é o sal. Devido à extração do mineral, necessário para o processo de obtenção de cloro e soda, utilizado na fabricação do PVC da Braskem, os espertos acharam mais conveniente que a fábrica ficasse lá, pertinho das minas. A Braskem comprou a antiga fábrica denominada Salgema, mas a minas de sal já foram esgotadas, hoje ele extraem o mineral de outro canto, pelo que li.

Para processar o cloro, a Braskem utiliza o eteno, que vem por um etenoduto que tem cerca de 470 (quatrocentos e setenta!) km de extensão, ligando a fábrica de Camaçari, na região metropolitana de Salvador, à de Maceió. Hã? Porque não fizeram esse etenoduto de maneira menos agressiva ao olhar, ao menos na zona urbana? Isso detona o potencial turístico, e mais ainda, o direito do morador da cidade conviver harmoniosamente com a paisagem.

E porque eu achei na pauta de uma reunião do CEPRAM de Alagoas a revisão da Licença de Operação do etenoduto? Sendo um empreendimento que está presente em mais de um Estado, o licenciamento compete ao IBAMA, e não aos órgãos estaduais de meio ambiente (isso me faz lembrar que os gênios da Bahia deram o nome de IMA ao antigo CRA, deixando o "novo" instituto com o nome idêntico ao de seu congênere alagoano. Mas isso já é outra história). Os órgãos estaduais, no caso de um empreendimento de impacto regional, podem agir de forma suplementar, apenas.

Outra questão é: precisa-se mesmo desse etenoduto? Existem outras opções para a obtenção do eteno, a partir do gás natural ou da fermentação do caldo de cana. Esta última opção é chamada de plástico verde, mas deve-se tb atentar para o impacto da monocultura que vem a reboque dos biocombustíveis.

De qualquer forma, o que se vê nesse caso não é novidade: favorecimento econômico (a Braskem é do grupo Odebrecht) e os cidadãos pagando a conta.

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