11/02/2009

O GOLPE DO CARNEIRO


Foto retirada d' O Globo

Filmes de boxe sempre têm um componente dramático na narrativa. Pelo menos os que eu me lembro de ter assistido, como "O Campeão", "Menina de Ouro" e "Cinderella Man". Assim, foi querendo e não querendo que fui ver "O Lutador", que marca a volta de Mickey Rourke às telas.

Sendo do diretor Darren Aronofski, o mesmo de "Réquiem para um Sonho", eu já fui esperando algo que não fosse um dramalhão abobalhado (mesmo que eu me entregue a eles muitas vezes). Esteticamente, "Réquiem" tinha apresentado alternativas para mim inovadoras, falando de velhos assuntos de uma nova maneira.

Não deu outra. Sombrio, introspectivo e principalmente, solitário. Assim foi o clima das cenas iniciais de "O Lutador", que tem recebido excelentes críticas. Curioso é o fato de Rourke voltar justamente num filme sobre, ou que envolve o boxe, já que de 1991 a 1995 ele chegou a deixar a carreira de ator um pouco de lado para se tornar um lutador profissional de boxe.

Se bem que não estamos falando de boxe. Estamos falando de luta livre, o vale tudo ou coisa do tipo. Isso é que Random "The Ram" faz no filme, após o seu auge. E se prepare, se vc for como eu, que se encolhe na poltrona do cinema a qualquer pancadazinha que vê na tela ou não gosta de ver sangue.

Ali, se ultrapassaram as barreiras éticas do boxe, e vale realmente tudo. E o diretor explora isso muito bem, propositadamente mostrando o que é para mim uma espécie de masoquismo. As cenas me causaram mal estar, pensei: mas que porcaria, odeio vir ao cinema e ficar vendo essas coisas.

Mas após essa necessária, segundo a visão do diretor, exposição dos bastidores e da dinâmica das lutas, a estória começa a se desenrolar. E não vitimiza The Ram. Ele sabe dos seus dramas pessoais, assim como sabe que o caminho foi escolhido por ele. Não cai na pieguice.

Existem momentos silenciosos, reflexivos. Em que ele percebe essas coisas. São momentos um pouco incômodos para o expectador. Marisa Tomei está bem no papel da streapper, quantos quilos eu tenho que emagrecer para ficar com aquele corpo que ela está aos 44 anos?

Para mim, a questão central do filme foi a dificuldade de se abandonar hábitos e estilos de vida, mesmo quando se sabe que alguns são menos recomendados que outros. As tentativas de se enquadrar na "normalidade", as explosões. O encontro com a nossa própria personalidade, a falta de amadurecimento.

Caiu como uma luva a preferência dos protagonistas pelas bandas de metal dos anos 80, tanto que o filme conta com Cinderella, Quiet Riot, Ratt, Accept e Scorpions, dentre outras do gênero, compondo essa atmosfera trash. Curioso um trecho da conversa entre eles, sobre os anos 90.

Quando tocam Guns N' Roses, tudo faz sentido: é difícil lutar contra nossa própria natureza. Ou contra o que nos acostumamos a achar que ela é. Maravilhosa é a canção final, que leva o nome do filme, intrepretada por Bruce Spingsteen.

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