14/12/2008

CRISE? QUE CRISE?

Foto: ventania provoca acidente caseiro.


Nesta semana o nosso brilhante presidente, ao lado de sua grande equipe econômica, anunciou um pacote para incentivar o consumo, reduzindo as alíquotas do Imposto de Renda e do IPI de carros populares, entre outros.

É claro que essa redução é temporária, pois o governo não quer deixar a mamata de ter esse dinheiro fácil e garantido, dando retorno social inexistente para nós (ah, esqueci das bolsas esmola!). Que eu entendo pouco de economia, não é novidade. Mas pera lá, em vez de incentivar o consumo (agir no sintoma), os imbecilóides babacas não deveriam estar incentivando a produção e o emprego, que pelo que sei, é onde o bicho vai pegar?

16/11/2008

DIFERENTES VERSÕES











Todas as fotos de Fernando Vivas/Agência A Tarde (13 e 14/11/08)

Existem alguns estudos científicos que fatalmente serão utilizados por gente mal intencionada para distorcer os fatos. Alie-se isso a jornalistas que não sabes escrever as coisas com os detalhes que eles merecem ter, e pronto, o estrago está feito. É o que pode acontecer com essa simples matéria do jornal A Tarde.

É óóóóbvio que as espécies que vivem num ambiente onde há uma estação notadamente seca possuem suas estratégias de sobrevivência e reprodução em situações adversas, inclusive o fogo. O que provavelmente esse pesquisador está estudando é como e em que intensidade isso ocorre, em em quais espécies. Um estudo desses leva anos, décadas, séculos, e ele provavelmente está estudando apenas um grupo de espécies.

Agora vem uma jornalista, pega uma frase solta e faz uma manchete. E lá vem um fazendeiro e pronto: "vou queimar, porque as espécies estão adaptadas e vão sobreviver". O pesquisador tem razão quando diz que há que se pensar em custos de combate, porque é óbvio que tem se traçar estratégias, vias, rotas de combate, assim como de recuperação ambiental.

O histórico da área, quantas vezes ela pegou fogo, e seus usos passados (agricultura, pecuária, compactação do solo etc) interessa muito para dizer sobre sua recuperação. Há que se pensar nisso tanto no combate como na sua recomposição. Para isso, monitoramento é essencial, e nisso, o IBAMA, com todas suas falhas, dá banho na SEMA.

Aliás, achei bem lúcida a declaração do Coordenador da Rede que concentra os guias e brigadistas, com bem mais noção de sucessão florestal e sobre os danos do fogo, até mesmo logisticamente. Falou com bem mais responsabilidade que o pesquisador e que as autoridades.

Enquanto isso, o mesmo analista ambiental que escreveu a mensagem do post anterior deu uma descrição bem mais clara dos danos irreversíveis que um evento desses causa. Faltou à jornalista (ou ao revisor da publicação on line) fazer um cursinho básico e aprender a escrever nome científico corretamente, mas mesmo assim o conteúdo não foi comprometido.

Lendo as duas matérias, a que diz que os danos à biodiversidade são inexoráveis, que cita o incêndio nas áreas onde tinham sido recém descobertas espécies endêmicas de orquídeas, que lembra dos danos aos cursos hídricos, com o assoreamento, e a outra, do Doutor em que diz que o fogo pode não ser o grande vilão, eu até entendo que o pesquisador tenha suas razões para dizer isso, mas vejo que ele está muito debruçado sobre seu tema de estudo e não consegue sair dele, enxergar o mundo lá fora.

Esse é um dos problemas da academia, e tem gente que nunca saiu dela. Sai da faculdade, entra no mestrado. Sai do mestrado, entra no doutorado. Sai do doutorado e começa a dar aula e a formar os futuros profissionais. Torcem o nariz para os que não são do seleto clã acadêmico, mas na verdade muitas vezes têm pouca interação com a praticidade da vida real.

15/11/2008

CORAGEM











Todas as fotos de Fernando Vivas/ Agência A Tarde (12/11/08)


Não o conheço, mas com o e-mail deste analista ambiental do ICMBIO, que circulou por aí, muitos servidores públicos da área ambiental, como eu, que vivem sob pressão, ouvindo dos chefes para serem mais compreensivos e condescendentes, mas vendo de perto as mazelas pelas quais o meio ambiente passa em virtude da inoperância que nos assola, se sentiram profundamente solidários e ao mesmo tempo vingados pela mensagem dele ter vindo a público (o que infelizmente não ajudou a apagar o fogo da Chapada).

Vai aí o e-mail dele:

"Há momentos na vida em que precisamos fazer balanços e avaliar nossos rumos, paravermos que direção iremos tomar. Hoje, completo 39 anos e dentro de quatro dias completarei seis anos de serviço no IBAMA/ICMBIO. E sou obrigado a concluir que foram seis anos perdidos. Tudo o que fazemos é inútil. Este parque nacional perdeu o sentido de existir. Exagero? Mais de 50.000ha queimados só dentro do PNCD, fora as áreas ao redor. Toda área do PNCD ao sul de Mucugê foi destruída.

Isto significa que provavelmente algumas espécies endêmicas do parque foram extintas. Entre os animais, os pequenos mamíferos vão morrer de fome, pois não há o que eles possam comer. As aves, que estavam nidificando, devem ter perdido suas crias. Esta é uma tragédia sem precedentes. De minha parte, fica a sensação de impotência e de ter trabalhado todo este tempo em vão. Todos os esforços para elaborar o plano de manejo da unidade, todo o esforço para ver se saímos do atoleiro burocrático das questões fundiárias, todos os outros trabalhos, tudo sem sentido. Isto não é vida.

O que causa isto tudo? A verdade é que a gente faz de conta que administra um parque nacional. Ou alguém em seu juízo normal pensa que uma área com 152.000ha, com mais de 100 familias morando dentro, cercada por cinco cidades que, de alguma forma, dela se utilizam para atender a suas necessidades, pode ser administrada por cinco analistas ambientais e está tudo bem? Pelo que eu ouvi de um colega de Brasília, decerto sim, pois ele teve o despautério de me dizer que nos EUA as UC federais tem apenas um servidor federal, o resto é estadual ou municipal, ou mesmo particular (umas três mil pessoas). Bem, três mil pessoas é provavelmente muito mais que todo o efetivo da Secretária de Meio Ambiente do Estado da Bahia. Mas este colega vive realmente em outro mundo, já que queria que participássemos de uma reunião fora daqui e se sentiu ofendido quando dissemos provavelmente não poderíamos mandar ninguém devido a tragédia que enfrentamos.

É esta maldita divisão do IBAMA/ICMBIO? O setor do IBAMA que cuida do combate aos incêndios já não vai mais atuar nas UC no ano que vem. O setor do ICMBIO que cuida disso conta com três ou quatro pobres coitados que vão ter que rebolar para dar conta dos problemas. E quando chegar outubro do próximo ano? Não vou usar palavras de baixo calão, mas dá vontade. O IBAMA da Bahia não está nem aí para a questão do fogo. E a estrutura do
PREVFOGO, vão fazer o que com ela? Formar brigadas municipais na Amazonia, como fizeram este ano. E aí tome chamar os colegas no meio da temporada de incêndio para ministrar cursos em outras partes do País, porque faltam instrutores, como também aconteceu este ano, quando nosso gerente de fogo teve que vir às pressas de Sergipe onde tinha sido mandado, contra a nossa vontade, para dar apoio a outras UC. Nada contra apoiar outras UC, mas no meio da temporada de fogo?

E os Equipamentos para os brigadistas? Fora o problema dos coturnos de má qualidade, que pode acontecer, fica a questão dos voluntários, que até agora não receberam os EPI. Já mandamos diversas vezes listagens e mais listagens com as relações dos voluntários, mas nada!! E temos 150 caras apagando fogo dentro da UC sem equipamento. No dia em que um deles se machucar feio, quero ver quem vai se responsabilizar. Isto sem falar no tal seguro, que era para vir e até agora nada.

O que ficamos vendo, o tempo inteiro, são nossos superiores imediatos batendo cabeça, atolados em mil coisas a fazer, sufocados no meio da loucura destas instituições falidas. Muitos tem até boa vontade, nem que seja para dizer que, no meio desta desgraça, alguma coisa boa vai acontecer. Duvido. Na verdade, acho que era hora de pensar em acabar com esta falácia e extinguir o PNCD. Podemos criar uma outra coisa no lugar, como uma Flona. Estou tentando ser pro-ativo e salvar alguma coisa.. Com a FLONA, nós poderíamos corrigir uma série de problemas que hoje, com o parque, são impossíveis, como regularizar a extração mineral na área, manter as comunidades, organizar a coleta de sempre-vivas, produzir mudas de espécies nativas, manter e ordenar a visitação, e até fazer o fundo de pasto em áreas de gerais. Não mudaria muito em relação ao que já existe hoje, além de aproveitar muito do trabalho já feito no PNCD, apenas adaptando o Plano de manejo e fazendo a regularização fundiária. E para nós, que vivemos aqui, seria uma vida muito mais fácil e feliz.

OU alguém acha que nós gostamos de ficar, como meus colegas, 10 dias seguidos sem ver filhos e esposas? Vendo seu filho acordar de manhã e dizer "adeus, papai" ao invés de "bom dia"? Isto sem contar com a revolta de brigadistas e outras pessoas da comunidade, que recaem sobre nós. É o caso de um dos lideres de brigada que já lançou manifesto na internet, como sempre atacando pessoalmente os servidores. Coitado! Sempre errando o foco! Não consegue perceber que o problema é mais em cima. Poderia ser quem fosse aqui, qualquer liderança ou chefe, o problema seria igual, porque o problema é estrutural: os órgãos é que são falidos! Além disto, o belo movimento de brigadas voluntárias que temos aqui só existe aqui - e este é seu problema: como vamos conseguir convencer os chefes dos irmãos siameses ICMBIO/IBAMA que isto é importante, se os outros 65 parques nacionais funcionam sem elas? E eles nem conseguem implantar políticas gerais para todas as UC, quiçá fortalecer e melhorar uma única experiência local. É um desafio conjunto. Mas quando não dá certo, o jeito é bater em quem está mais perto, mesmo que seja peixe pequeno neste mar de tubarões em que vivemos.

No estado de espírito em que estou agora, é provável que eu fosse para qualquer lugar onde quisessem me mandar (menos a Amazônia - se aqui é o inferno, lá é onde mora o diabo - quem trabalha lá sabe). É provável que amanhã eu mude de idéia. Mesmo a vontade de chutar o balde e me demitir também não deve se concretizar - tenho duas filhas em quem pensar e uma esposa que está estudando para concretizarmos um projeto, agora não é hora. Vou levar a vida e fazer o meu trabalho, mesmo sabendo que não serve para nada. Não tem jeito, por enquanto.

Finalmente, preciso deixar claro que tudo o que disse aqui é minha opinião pessoal. Eu vou utilizar os recursos disponíveis no parque, à revelia de meu chefe, para enviar esta correspondência, mas ele não sabe do teor - vai saber, é claro. E minha revolta é grande, mas acho que vou superar. Feliz aniversário, Cezar! Os que estão em casa agora, curtindo seu fim de semana, se puderem, lembrem de mim e de meus colegas. Mas duvido que isto vá acontecer. Amanhã, devo receber umas ligações de superiores dizendo: o que isto, Cezar? Você tem que ser mais político! Bom, venham para cá, no nosso lugar, que nós seremos mais políticos."

ARDENDO

Fumaça
Tudo fumegando
O fogo avança
Aqui ainda não chegou, mas ao fundo....

O Secretário, arrumadinho com seu impecável gel no cabelo, fotografa, curioso, enquanto metade da Chapada se incendei
a

O avião da FAB é um monstro

Brigadistas na mistura do pó químico (atividade que oferece risco, como as outras, liás, e precisa ser supervisionada e ter segurança).

Nuvem de fumaça

Fogo, fumaça, combate

Como me disseram, pareciam paisagens vulcânicas

Brigadista corajosa, guerreira em ação

Triste cenário

Mais um foco sendo checado

O fogo chegou perto das casas

Todas as fotos de Fernando Vivas/Agência A Tarde (10 e 11/11/08)


No dia 31 de outubro, o IMA - Instituto de Meio Ambiente do Estado da Bahia - noticiou em sua página que os incêndios na Chapada Diamantina já estavam controlados em 6 dos 20 municípios, que decretaram estado de emergência e 53 dos 60 focos já tinham sido apagados. Daí para a frente, foram só elogios à bravura e ao trabalho árduo dos bombeiros (que realmente, merecem todos os elogios), mas não citaram, em nenhum momento, algo como planejamento, parceria com outros orgãos, (federais, inclusive - sim, eles existem!), metas ao curto e longo prazo, perspectivas para o próximo ano e coisas do tipo.

Ok, ok, talvez não fosse o objetivo da nota. Mas talvez simplesmente eles não tivessem o que falar mesmo. Não falo especificamente do IMA, mas do Governo do Estado da Bahia, que me parece despreparado, desarticulado, perdido.

Tanto que no dia 01 de novembro saiu no Diário Oficial do Estado da Bahia que a situação do incêndio na Chapada estava controlada, a verdade de campo era outra. Ou talvez, como é habitual não só neste, mas em todos os governos, quis dar a entender que tudo estava bem quando na verdade não estava.

No dia 09, o DOE publica uma matéria dizendo que os órgãos ambientais estão preocupados com o número de queimadas, porque historicamente o período crítico vai de agosto a outubro.

Oh, meu Deus! O que devemos fazer enquanto metade da Chapada pega fogo? Seria uma boa alternativa rezar para São Pedro? Mas a data do padroeiro já passou, será melhor esperar o ano que vem? Ué, mas eu li no jornal que já estava tudo controlado.... Mas rapaz, você não sabe como é a natureza, rebelde? Quando menos se espera, ela vem e pimba, prega uma peça na gente... Culpa do fim dos tempos!

Fim dos tempos é colocar nas manchetes dos jornais que a situação está controlada e depois ter que passar a vergonha PÚBLICA de ver a incompetência da propaganda falsa virando cinzas.

Três dias depois, o mesmo Diário Oficial anunciou a intensificação do combate aos incêndios. Mais uma vez, a matéria jornalística se detém em números que tentam impressionar o leitor desavisado.

Vem cá, se o governator decreta situação de emergência todo ano para um bocado de municípios pela mesma causa, se é sabido que todo ano ocorrem incêndios (não só na Chapada, mas tb no Extremo Sul), se já sabem e dizem que desde junho estão trabalhando nisso, qual é o problema? O clima, esse grande traidor? Ou os culpados pela ação criminosa, esses mal-va-dos?

Ora, se apagar incêndio fosse fácil, não precisaríamos do trabalho de base das brigadas, tão esquecidas e mal assessoradas, sem comida, sem equipamento de proteção individual, sem trabalho de articulação durante todo o ano para finalmente poderem - com a condição que merecem - trabalhar dignamente nas situações de emergência, e com comando efetivo. A articulação, nunca é demais lembrar, cabe aos órgãos governamentais, IBAMA (ou ICMBIO?) incluídos.

O caso do IBAMA/ICMBIO é bem grave tb, não custa lembrar. Eu nem sempre cito aqui, porque não sinto muito de perto, mas a crise de identidade dos dois órgãos causa sequelas até agora. Servidores do PREVFOGO já se manifestaram em relação a divisão do IBAMA em maio de 2007, e a situação no ICMBIO de perto é desesperadora como bem confirma o testemunho de um analista ambiental servidor do Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD), que lotou as caixas postais de boa parte dos ambientalistas nesta semana.

Enquanto as colunas especializadas estão de olho nos órgãos federais, nos resta ficar lendo o jornal A Tarde e ter o desprazer de nos deparar com as declarações esdrúxulas do Secretário Estadual de Meio Ambiente.

Se o IBAMA e o ICMBIO têm seus problemas, que não são poucos, o que dizer da Secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia? Como melhor adjetivá-la? Abaixo da crítica? Talvez seja pouco.

Quem será que tem informações mais confiáveis a respeito das proporções do incêndio? O pessoal do PNCD, que sobrevoou a área, mapeou os pontos de foco de incêndio e fez uma estimativa de 50% da área do Parque incendiada, ou o Secretário Juliano Matos, que contestou a informações?

Ele não sabe se é mais ou se é menos, mas diz que a SEMA "está fazendo uma fotogrametria de satélite". Eu achava que fotogrametria era só para fotos aéreas, com imagens de satélites o caso era outro, mas como não é a minha área posso estar falando besteira....

Eu achei que a SEMA tivesse dito que tava tudo controlado; assim, que não tivesse se programado com a antecedência necessária para fazer licitação para a compra das cenas das áreas atingidas, justamente nos períodos em que o fogo pegou para valer.

Aliás, eu nem sei se em casos como esses o satélite funciona como ferramenta eficaz de avaliação, ou se ele é uma ferramenta para avaliação de um período para o outro. Mas de todo modo, contestar a informação de um sobrevoo fresquinho é um pouco demais, néammmmm?

A Defesa Civil também diz que a informação "não procede" e que o PNCD abrande apenas nove dos 31 municípios da Chapada. E que todo mundo fica acusando o Estado, ai meo Deos, que coisa, gentem, parem com isso, ai ai ai!

Além do mais, se o plano está pronto desde abril, não tem problema, nós estamos em novembro e está tudo certo, não estão vendo? Para ficar melhor, só a chuva, afirma o Cezar, esse grande e corajoso cara.

04/11/2008

ADIOS

Salmões preparados por mim em duas versões: com molho de mel, mostarda e castanhas e arroz com iogurte, alho frito, manjericão e alcaparras e Com salada de tomate, rúcula e palmito

Que eu amo salmão não é novidade. É bem fácil de fazer, já escrevi sobre isso, em um dos meus inúmeros posts com fotos de delícias salmonescas (aqui, aqui, aqui e aqui). Mas me enganei ao achar que era saudável. Saudável é o salmão lá do Hemisfério Norte, em seu habitat natural, nadando contra a correnteza.

Só que o que a gente come (e só por isso consegue comprar, porque senão não ia estar abarrotado de salmão nas prateleiras dos supermercados) é salmão criado no Chile. Nos mesmos moldes da carcinocultura (criação de camarões) aqui no Brasil, e especialmente aqui na Bahia, cujas desconformidades são bastante criativas, tanto sociais quanto ambientais.

Na samonicultura chilena, o caso não é diferente. Primeiro, porque sendo o salmão criado em condições diferentes das naturais, ele tem que receber vários hormônios, suplementos alimentares e antibióticos. Aquela coloração linda dele, ele só tem porque tem a atividade física que lhe é inerente, então dá-lhe corante. Pronto, temos um salmão totalmente falsificado (não pensem que com o camarão de carcinocultura é muito diferente!).

Isso tudo vai conduzindo a situação para um manejo genético com efeitos no mínimo desconhecidos, fala-se num supersalmão. E uma coisa dessas, sendo super ou não, é bem capaz que tenha substâncias cancerígenas mesmo. Não se trata de ser carola e desconfiar de tudo, mas de primar pelo Princípio da Precaução, que é o que o Brasil não faz em relação aos transgênicos, por exemplo.

No caso dos produtores de salmão, como em casos similares (soja, camarão), eles preferem, desqualificar os estudos que desapontam os interesses econômicos deles a discutir de maneira sensata maneiras de diálogo, ajuste, certificação.

Para produzir 1 kg de salmão são necessários 3 a 5 kg de peixe fresco. É insustentável. Como a criação de camarões, que custa mais de R$ 12,00/kg, e o kg é vendido por kg ao distribuidor (ou algo assim, é um disparate). Como fecha a conta? O segredinho é que as empresas multinacionais que fornecem a ração são subsidiadas pelos bancos públicos (o maravilhoso BNDES capitaneando isso), ou seja, com o nosso Imposto de Renda de 27,5%.

E os salmões chilenos, assim como os camarões baianos, por conta da enorme densidade dos tanques e outras detonations, ficam doentes, e dá-lhe remédios que o FDA (agência reguladora de produtos alimentícios e farmacêuticos nos Estados Unidos) não aprovam, mas que no Chile são utilizados indiscriminadamente. Além disso, as redes que revestem os tanques têm umas pintura com cobre e benzeno para que a lea não se agregem outros organismos marinhos.

Não obstante a catástrofe ambiental, a samonicultura é um modelo de exclusão social, que como todos seus similares é abraçado vigorosamente pelos governos irresponsáveis e amadores, porque produz excelentes indicadores econômicos. Quer dizer, me recuso a acreditar em indicadores econômicos que não levem em conta a depreciação dos recursos naturais e em PIBs que não considerem externalidades. E em números de empregos gerados que não analisem a qualidade desse emprego face a outras alternativas que poderiam ter sido implantadas.

Fazer política assim, numa república de bananas, salmões ou camarões, não fica tão difícil. Trazer uma indústria de pescado que na Noruega tem que andar pianinho e no Chile pode fazer a festa tributária, trabalhista e ambiental, todo mundo quer.

Eu quero é saber como faço na substituição disso na minha dieta alimentar.

26/10/2008

SUCESSIVAMENTE

Plaquinha de alerta em rodovia no Litoral Norte. Bahia, 2003.

Êêêêê! Hoje eu não tenho que ir na ZONA eleitoral justificar o meu voto! Pois já que ninguém baixa a crista mesmo, eu quero mais é ver o PT levar pau em SP e aqui em Salvador. O lamentável é que sobra para a cidade, que sofrerá, abandonada, os maus tratos da repetição de uma gestão que não vai ser boa, tanto do Kassab tanto como do João Henrique. Mas isso não dá nem à Marta nem ao Pinheiro o direito de ganhar, isso não dá não.

Sim, Tatiana, vc só reclama, só critica. E eu vou fazer o quê, aplaudir? Concordar com os desvarios da Marta, sejam dela ou dos marqueteiros? Oh, ela não sabia, nunca ninguém sabia de nada! E aqui em Salvador, então? O PT era aliado do João Henriquéte na Prefeitura até há pouco tempo. Sempre essa coisa de dividir o bolo, da governabilidade. Tem uma boquinha, todo mundo quer.

Agora que o bicho pegou, o Jacquinho resolveu dar o chiliques dele. Escute, governator, tu já parou para pensar que se o dinheiro que sai para a campanha do Henriquéte vem todo do Ministério de Integração Nacional (Geddelzéte), este está inserido na União, que é (ou deveria ser) comandada por Luléte? Ou seja, é tudo a lesma lerda?

Cadê a minha camiseta?

24/10/2008

TEMPOS MODERNOS


Área de Preservação Permanente relativa a Reservatório Artificial. Sem recomposição, com erosão.

APP de lagoa natural servindo como pastagem.APP relativa a lagoa natural (50 m). Sem recomposição da área, invadida por eucaliptos. Fotos de um imóvel rural com atividade de silvicultura no Extremo Sul da Bahia.


Para começar bem o dia, abro o jornal (não mais, ligo o computador) e fico sabendo que o texto do Decreto que regulamenta a Lei Ambiental Penal (vulgo Lei de Crimes Ambientais) teve uma "leve" alteração.

Ontem antes de dormir pensei se o Minc estaria enfrentando, como a Marinoca enfrentou, pressões, e se ele tem algum tipo de consciência que lhe pesa. Porque sobre o Sthephanes, não tem como restarem dúvidas mesmo. Eu estava dando uma olhadinha na biografia dele, eu sabia que ele já tinha sido Ministro da Previdência Social, mas o que eu não sabia é que ele já tinha sido Ministro TRÊS vezes e está na fita desde os tempos de Geisel.

Aí vem o esperto do Lula me falar em elite? Ainda por cima muda o Regulamento que previa, enfim, alguma atitude para anos e anos de falta de ação para os passivos previstos no Código Florestal (que é de 1965).

Vc tá com o carro irregular, tem que regularizar. Não compra apartamento ou casa com dívida de IPTU, condomínio, o que quer que seja. Mas com imóvel rural? Dane-se, pode ser sem Reserva Legal, sem Área de Preservação Permanente, você pode desmatar à vontade, foder com a sua própria área produtiva e consequentemente com a do vizinho e com toda uma bacia hidrográfica.

Ir diminuindo o habitat de espécies ameaçadas, acabando com o espaço de reprodução da fauna, empobrecendo cada vez mais o rol de espécies da flora de cada lugar... É bem lindo ver no cerrado a ema e seus filhotinhos fugindo da aplicação de agrotóxicos da soja, e não encontrando NENHUMA RL para se abrigar....

Quando vc precisar de empréstimos para sua atividade agrícola, é só ir ao banco. Eles olham tudo, menos a regularidade ambiental de sua propriedade. O caras da CNA - Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária dão uma força.

Uma vez, fui numa reunião de um Grupo de Trabalho da Câmara Técnica do CONAMA sobre Estágios Sucessionais de Campos de Altitude associados ao Bioma Mata Atlântica. Pensei: Tatiana, fique quieta, só ouça. Só ouça. Não deu.

Quando eu vi, o cara da CNA, um rapazinho de calça social e camisa engomada, gel no cabelo e menos de 30 anos, estava falando comigo, no meio de todo mundo (em plena reunião), em pé (tinha se levantado da cadeira) em me apontando o dedo indicador. Hahaha, eu ri tanto intimamente... Por ter conseguido tirar aquele cara do sério, o que não deve ser muito difícil.

Pensei que a mulher dele (sim, ele deve ter uma, bem bonitinha, bem comportadinha, que faz escova no cabelo e usa escarpin de bico fino) já deve ter falado para ele mil vezes: amor, não aponte o dedo para os outros em público!

O cara me veio com um argumento tão esdrúxulo sobre Reserva Legal, que eu já nem lembro mais. O very, very curious, é que do ladinho dele, side by side, estava uma riponga, mas so so ripongueira, dessas suuuper petistonas, superdefensoras dos trabalhadores na agricultura. Era da FETAG/RS (Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar no Rio Grande do Sul). Também contra mim.

No meu tempo, empregados e patrões estavam de lados diferentes. Mas se é CONTRA o meio ambiente, que eles pensam que é o grande inimigo deles, estão todos juntos. Enfim, a mulherzitchas, suuuper combativa, militante profissional, se levantou e veio pegar no meu crachá para saber de onde eu era (isso enquanto eu estava falando).

É o mundo. É o mundo que eu aprendi que não vou mudar. Tenho que aceitar a escolha dos outros. Votaram, escolheram. É o processo histórico, dizem alguns. Quando penso em termos ambientais, fico muito feliz por não ter filhos.

Quando penso na faculdade que eu fiz e nos valores que tive na minha educação, sem dúvida mais da metade podem ir para o lixo para eu ser uma "vencedora" nos dias de hoje. Código Florestal? Lixo. Ética? Lixo. Legislação? Lixo.

Ainda bem que eu tenho uma camiseta escrito "FUCK YOU".

22/10/2008

DOENÇA

Foto: Parque São Bartolomeu, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Foto de Sara Cerqueira, do Soteropolitanos.


RESOLUÇÃO Nº 3894 DE 21 DE OUTUBRO DE 2008. O Presidente do CONSELHO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE - CEPRAM, no uso de suas atribuições e, tendo em vista o que consta do Processo nº 2008-015190/TEC/LL-0118, RESOLVE: Art. 1º - Conceder “Ad Referendum” do Colegiado, LICENÇA DE LOCALIZAÇÃO, válida pelo prazo de 3 (três) anos, à SECRETARIA DA SAÚDE DO ESTADO DA BAHIA - SESAB, inscrita no CNPJ sob nº 13.937.131/0001-41, com sede na 4º Avenida, nº 400 - Plataforma 6 - Lado B - CAB, Paralela, no município de Salvador, para Unidade Hospitalar destinada ao Atendimento de Urgências e Emergências (Hospital do Subúrbio) em área total de 45.525,25m² com 19.825,93m² de área construída, constituída de 248 leitos, sendo 20 de UTI (adulto), 10 de UTI (pediátrica), 10 queimados, 20 semi-intensiva (adulto), 10 semi-intensiva (pediátrica), 114 de internação (adulto), 64 de internação (pediátrico), administração com sala de treinamento (50 lugares), ambulatório (10 consultórios), urgência/ emergência de adultos e pediatria (20 leitos de observação e 10 boxes de P.A.), centro cirúrgico (08 salas), unidade de imagem, laboratório, serviço de fisioterapia, serviço de nutrição e dietética, serviço de processamento de roupas, C.M.E., farmácia, apoio logístico, subestação, casa de gás GLP e capela, nas coordenadas geográficas em décimo de grau Lat./Long.: -12,86681 / -38,45705, na Rua Manuel Lino, S/N, bairro Periperi, no município de Salvador, mediante o cumprimento da legislação vigente e dos condicionantes constantes da íntegra da Resolução que se encontra no referido Processo. Art. 2º - Esta Licença refere-se a análise de viabilidade ambiental de competência do Instituto do Meio Ambiente - IMA, cabendo ao interessado obter a Anuência e/ou Autorização das outras instâncias no Âmbito Federal, Estadual ou Municipal, quando couber, para que a mesma alcance seus efeitos legais Art. 3º - Estabelecer que esta Licença, bem como cópias dos documentos relativos ao cumprimento dos condicionantes acima citados, sejam mantidos disponíveis à fiscalização do IMA e aos demais órgãos do Sistema Estadual de Administração dos Recursos Ambientais - SEARA. Art. 4º - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação. JULIANO SOUSA MATOS - Presidente.

Maia um episódio da peleja do Governo do Estado com a Prefeitura (é bom lembrar, Lula apóia os dois). Jacquinho quer aprontar logo o hospital para sua campanha de 2010 e se possível conseguir logo a licença (vitóóória!) para Pinheiréte ganhar uns pontinhos na pesquisa. Joãozinho Henriqúete não quer dar a Licença porque claro, não quer nem que Pinheiréte nem que Jacquinho se apareçam muito, mas também o processo não deve estar lá essas coisas. Entregar um Roteiro de Caracterização do Empreendimento de vinte páginas é um pouquinho demais, néam?

Isso que eles não tinham nem alvará de construção pela SUCOM e só agora conseguiram uma autorização especial para o canteiro de obras. A Secretaria Estadual de Saúde da Bahia, por meio de sua Assessoria de Comunicação Pessoal que parece que é comandada por uma pessoa mais neurotics que eu, publica uma nota em que joga mais insumo no difusor de titica, hahaha. Como podem as pessoas serem tão amadoras?

Os sabichões da SESAB misturam alhos com bugalhos e falam que em gestões anteriores (leia-se DEM), as licenças dos hospitais eram dadas todas irregularmente, sem PGRS (Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos) e sem regularização do terreno sequer. Pera lá, SESAB, mas vcs estão falando de licenças dadas em todo o Estado da Bahia, fora do alcance da Prefeitura, que é o foco agora. Assim, vcs estão dando um tiro no pé, assumindo que vcs têm passivos enormes, e que esses passivos, meus negos, estão é com vcs mesmo, seja no âmbito de empreendedores (SESAB) ou de licenciadores (IMA). E os caras ainda ERRAM o significado da sigla PGRS. Vão ser burros assim lá longe!

Na dúvida, entra em ação imagine quem? Ima, ima, imagine? Isso mesmo, o IMA! O super-ultra-mega mil e uma utilidades! Quando o processo do Hospital do Subúrbio entrou no órgão, não foi para a análise técnica das pessoas mais indicadas para serem encarregadas do processo, que estão inclusive fazendo a norma técnica de licenciamento de empreendimentos hospitalares, porque elas "entendiam demais da parte da saúde".

Tentaram então jogar para alguém da área de arquitetura, pedindo, como sempre muita, muita pressa. Depois de muito atrito, o processo foi para uma terceira pessoa, que imagino eu, tentou, como no caso do Pituaçu, fazer um Parecer Técnico a mais amarrado possível.

Ressalto que quem concedeu a Licença não foi o técnico que fez o Parecer, e sim o CEPRAM, que era para ser um Conselho. Só que lembrem-se, a licença foi concedida "ad referendum". O que isso significa? Que basta uma, uminha assinatura para a Licença sair. De quem? Do presidente do Conselho. Quem é o Presidente do Conselho? O Secretário de Meio Ambiente. De que lado da peleja o Secretário de Meio Ambiente está?

21/10/2008

LONG WAY

Flávia Manhone e Ludmyla AraújoFlávia Manhone e Ludmyla Araújo
Lamartine Neto

Lamartine Neto

Lamartine Neto

As fotos estavam no Fora de Moda, com créditos para Holofotes.


Em tempos de barbárie, incompetência, conformismo cristão, mentiras, desmentidos, esmolas e muitos aborrecimentos políticos (oh, Lula, oh, Marta, oh, azar!) e pouca paciência na repartição, achei no blog Fora de Moda, do Ricardo Oliveiros, uns vestidos que me fizeram parar e ter vontade de vestir alguma coisa bonita (novidade?) e estar em algum lugar novo, tranquilo, celebrando algo.

Os dois primeiros vestidos são de Flávia Manhone e Ludmyla Araújo, e os três seguintes, de Lamartine Neto. Todos apresentados num evento de moda de Vitória (ES). Como não posso ser preconceituosa, admito que amei os dois vestidos das primeiras estilistas. Mas destestei o que els escreveram no catálogo: roupa destinada a classe média e classe média alta (cusp! cusp!). Tipo a Cris Barros e a Raya de Goye. O Ricardo fala com mais propriedade (e menos envolvimento) sobre isso lá no post dele.

Quer fazer moda para rico, bota o preço lá em cima, baby, não precisa ESCREVER que é para rico. Olha a diferença de nível entre o que elas escreveram e o que o Lamartine, autor das outras três preciosidades, escreveu: roupa criada a partir da sensação de amplitude de um vôo rasante entre céu e terra.

Produto mercadológico? Expressão artística? Futilidade de dondoca? Estilo? Império consumista? Cartel de companhias têxteis? Mooondinho? Não me importa, importa é que quando a roupa me transmite algo bom (e é possível que eu seja enganada bilhões de vezes), quando me faz me sentir bem, mais bonita, mais em paz, mais em comunhão com o meu estado de espírito (seja ele fuck you ou love me tender), eu admiro e, dependendo da ocasião e das possibilidades, compro.

19/10/2008

BONITO ISSO

Foto: Registros de imóveis rurais do maior proprietário particular de plantios de Eucalipto do mundo (claro, tá na Bahia). Caravelas, abril de 2008.



RESOLUÇÃO Nº 3891 DE 17 DE OUTUBRO DE 2008. O Presidente do CONSELHO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE - CEPRAM, no uso de suas atribuições e, tendo em vista o que consta do Processo nº 2008-015088/TEC/LI-0076, RESOLVE: Art. 1º - Conceder “Ad Referendum” do Colegiado, LICENÇA DE IMPLANTAÇÃO, válida pelo prazo de 3 (três) anos, à CONDER - COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO DO ESTADO DA BAHIA, inscrita no CNPJ sob nº 13.595.251/0001-08, com sede na Avenida Edgar Santos, nº 936, Narandiba, no município de Salvador, para reforma e ampliação do Estádio Roberto Santos (ou Estádio de Pituaçu), contemplando ampliação da arquibancada com capacidade para 34 mil espectadores, construção de novos vestiários, reestruturação das tribunas de honra e imprensa e edificação de apoio a torcedores (bilheterias, salas de arrecadação, área para brigada de incêndio, área destinada ao controle e segurança do público, sanitários, cantinas e posto médico), drenagem e regularização do campo, instalação de placar eletrônico, iluminação do gramado e iluminação pública, e obras de acesso ao estádio, localizado na Avenida Pinto de Aguiar, s/n°, Parque Metropolitano de Pituaçu, no município de Salvador, mediante o cumprimento da legislação vigente e dos condicionantes constantes da íntegra da Resolução que se encontra no referido. Art. 2º - Esta Licença Ambiental não se refere à Autorização para Supressão de Vegetação Nativa, ficando excluídas do escopo deste Licenciamento, todas as intervenções propostas situadas em áreas passíveis de supressão vegetal e nas áreas de preservação permanente da lagoa, o que engloba as áreas de estacionamento do vestuário e da tribuna de honra / imprensa, o heliponto e parte das vias de acesso (trechos da Rua dos Radioamadores e da via de serviço, e a via de acesso ao heliponto). Tais intervenções deverão ser objeto de novo processo de licenciamento. Art. 3º - Esta Licença refere-se a análise de viabilidade ambiental de competência do Instituto do Meio Ambiente - IMA, cabendo ao interessado obter a Anuência e/ou Autorização das outras instâncias no Âmbito Federal, Estadual ou Municipal, quando couber, para que a mesma alcance seus efeitos legais Art. 4º - Estabelecer que esta Licença, bem como cópias dos documentos relativos ao cumprimento dos condicionantes acima citados, sejam mantidos disponíveis à fiscalização do IMA e aos demais órgãos do Sistema Estadual de Administração dos Recursos Ambientais - SEARA. Art. 5º - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação. JULIANO SOUSA MATOS - Presidente



Como eu sou adivinhona, a licença do IMA saiu logo. Tá certo que a arquiteta que foi a responsável pelo Parecer Técnico estava fazendo um curso de Construção Sustentável fora da repartição e mandam o processo para ela fazer em dois dias. Tipo se vira, nega, faz aê. Esse tipo de processo era pros amiguinhos da Direção, que foram nomeados, fazerem. Eles assinarem e eles segurarem o rojão. 

Mas não, mandam para a galera que tem competência e seriedade fazer. Aí, o lance era que a inteligente da Conder entra com o pedido da reforma do estádio, sem imaginar a infraestrutura de funcionamento, como esgotos, via de acesso, heliporto. Ah, tadinhos, são tããão amadores, néam? Não têm noção, não sabiam... A Conder, minha gente, a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia, não sabe fazer um projeto? Não sabe planejar? Não sabe que uma coisa depende da outra?
Ah, aí o processo foi formado no IMA. Não faz mal que para formar um processo a Certidão da Prefeitura seja um documento indispensável, e que sem ele, segundo a Certificação da ISO, não se forme processo. Isso é não conformidade. Mas o processo foi formado, e o jurídico dá um jeito.

Aí, o CEPRAM, esse graaaaande Conselho, aprova "ad referendum". Deve ser em nome da coletividade, do bem público, blábláblá. Como noutros tempos se aprovavam as Licenças Simplificadas de mineração que eram negadas pelos técnicos no CEPRAM, em nome sei lá de que zorra.

Para mim, não há diferença. Ou melhor, há algumas, porque na gestão passada, não se depositaram expectativas.

09/10/2008

ALIANÇA FUTEBOL CLUBE


Continuo ficando DE CARITCHAS com a criatividade da galera nas coligas. O PPS de Soninha e o PV de Gabeira apoiam ou se coligam até com o demo. Literalmente falando, com o DEM. Respeito bastante os dois pessoalmente, principalmente o Gabeira. Embora ache que ele se equivoque em alguns aspectos, ainda o acho íntegro, mas realmente não confio no PV. Aquele PV dos anos 80, que nem era lá essas coisas, não existe mais. É mais um partidelho para onde vão as mais diversas tendências, é um partido sem identidade - e o pior, ultraja a palavra "verde" que carrega em seu nome.

Falando nos Verdes, eu soube que antes das eleiçoes foi lá na repartição - que é dirigida por eles - um candidato a vereador e entrou de sala em sala, panfletando. É engano meu ou isso é usar a máquina pública para obter alguma espécie da favorecimento? Se o canditado fosse do DEM (eca, eca), ele teria o acesso assim tãããão facilitado à sala dos servidores públicos que, afinal de contas, estão trabalhando, concentrados, e não querem receber vistinhas não solicitadas?

Aliás, vão implantar lá na repartis uma sistema de catracas, um não sei quê, com o pretexto de monitorar o fluxo de visitantes (mas vão monitorar é a peãozada aqui mesmo)... Não seria para impedir justamente esse tipo de coisa, que ao meu ver se configura num abuso? Afinal de contas, voto é uma coisa particular, apesar de ter um alcance coletivo. Se quisessem promover um debate com canditatos que tivessem propostas na área ambiental para a cidade, ou coisa que o valha, que o fizessem (se bem que eu du-vi-do que fizessem isso com a devida neutralidade). Mas franquear a entrada de um canditado, assim?

Isso me lembra muito a gestão passada, onde o diretores eram do DEM, quando um (bleargh) candidato à Câmara dos Deputados esteve por lá fazendo campanha e o Sinhozinho (era esse o apelido do então Diretor) ordenou que todos nós arrumássemos as mesas porque o tal canditado, que já tinha sido Secretário de Estado e Chefe do Sinhozinho ia passar de sala em sala.

Afortunadamente, eu não estava na repartis em nenhum desses dias. Na época do DEM tava viajando e na época dos Verdes, no médico. Melhor não ter havido esse encontro.