04/11/2007

LA BALSITA

Indo da Sta Cruz Cabrália para Belmonte. Cara, Belmonte é longe de onde eu estou. 130 km só de ida. E eu chego lá, tem um mooooonte de licenças para olhar, um monte. Não dá para fazer tudo num dia. Volta para Eunápolis. Ai. Vinte dias dormindo no hotel. Volta cinco para casa, mais vinte em campo de novo. Agora, quando durmo na minha cama, até estranho.

UMA BEIRA NO JEQUITINHONHA












Estava eu andando pelo Sul da Bahia, nessa minha jornada de prefeitura em prefeitura para dar uma olhada nas licenças emitidas para os plantios de Eucalipto. Tenho amado fazer esse trabalho, que na verdade é um pouco chato, mas é necessário e importantíssimo.

Então, entro na cidade de Itapebi.

Escolada em interior da Bahia do jeito que sou, já tendo sofrido muito com as mazelas sociais e ambientais de cada lugar visitado, já tendo chorado e me desesperado ao entrar em dezenas de cidades e me deparar inevitavelmente com o mesmo cenário, somente comprovei o habitual. Cidadezinha pequeninha, pobrezinha, feinha. Brinquei com o motorista, de um modo preconceituoso: "que bom que eu moro em Salvador".... Sendo que eu não acho bom, eu acho Salvador um cocô, imagine se eu morasse nessas cidades onde vou a trabalho... Aí a relatividade das coisas começa a te pegar. Mas não pode deixar pegar muito, senão se conforma com uma vida no meio do mato, como a que eu tive durante alguns anos, e quando vi, estava com uma vida que nada tinha a ver comigo.

Bom, mas voltemos a Itapebi. Como toda cidade, eu entro reclamando, mas na conversa com os Secretários de Meio Ambiente, sinto tanta realização... Tanta coisa a fazer, e em vez de pensar, como antes: "que droga, está tudo errado, que se dane tudo", eu penso, e tenho o discurso "vamos fazer juntos, essa é uma etapa do nosso trabalho". Essa é a diferença de ser sacaneada e de ser valorizada no trabalho. Estou sendo valorizada, e tenho que aproveitar, pois não sei o quanto isso dura.

Depois do trabalho feito, o Secretário foi me mostrar uma matinha onde quer fazer uma UC. Linda, mas o mais surpreendente não é isso. Atrás dela, à beira do Jequitinhonha, existe a cidade velha. Velha porque os moradores foram se mudando para o alto, e poucos ficaram na beira do rio. Uma pena! Ruas de paralelepípedo, praça com (dizem) a maior canoa do mundo, casario merecedor de conservação, um lugar onde dá vontade de andar, conversar com os poucos moradores que restaram, saber porque ficaram, como era antes...

Porque as pessoas se vão? Os lugares morrem, outros mais feios surgem, os que eram belos viram decadentes... Aquilo lá tem que ser revitalizado, virar roteiro turístico... Mas fazer o quê, se a galera que vem para a região (leia-se Porto Seguro) quer encher os cornos de cachaça e dançar axé espremido?

Enquanto isso, vou andando.