26/01/2009

A ONDA DO MAR LEVA

Girona, Catalunya, 6 nov 2008 © Federico Franchesc
Fonte: Pelos Mares

O show ontem foi uma delícia. Chegamos mais cedo e nos acomodamos num bom lugar, observando o cenário com longos panôs em tons de azul com estampas de cavalos marinhos e arabescos que desciam pelo palco, na frente do qual havia uma enorme concha em tom areia.

Todo esse ambiente, ao cair da tarde, foi perfeito para a aparição de Adriana. Com um improvável e maravilhoso figurino vermelho (by Gilda Midani), num belíssimo contraste com o cenário, ela surgiu, tranquila e ao mesmo tempo suntuosa, com músicas de "Maré".

O show foi se desenrolando bem, ela conversando pouco com a platéia, mas mantendo um contato cordial. Não precisa muito além disso, a comunição se desenrola é pela música. Conta um caso, outro, mas não precisa ficar dando uma de animadora de auditório.

Durante essa primeira parte do show, senti uma tranquilidade muito grande ao perceber que o vento estava soprando sobre a Concha Acústica, que eu estava vendo aquele cenário elaborado, ouvindo aquelas canções que eu já tinha ouvido em casa em decorrência de ter conhecido o A. e que eu estava lá, serena, de mãos dadas, com um sorriso nos lábios.

Lembrei de um outro show em que fui na Concha Acústica, em 1997, quando vim morar na Bahia, onde tocaram Penélope, Cascadura, Dead Billies, Brincando de Deus e mais uma banda que eu não lembro. Lembro que eu detestei o show, detestei tudo, passei o show inteiro reclamando, só gostei de Dead Billies. Tudo era pouco demais para mim.

Então, ontem fiquei bem feliz por eu estar tranquila.

Quando Adriana apresentou a banda, bem competente por sinal (eram dois bateristas, isso me intrigou bastante), é que eu percebi que o tecladista era o Bruno Medina, ex- Los Hermanos. Depois da banda apresentada, ela iniciou uma sessão solo, ela e o violão. Aí cantou os hits, e dessa parte eu não gostei tanto, fiquei pensando como ela fez tanto sucesso, pois as letras nao são tão fáceis assim.

Mas vi que o trabalho dela amadureceu bastante, hoje as canções estão bem melhores, antes ela era bem mais chatinha, hoje está mais leve, menos imperativa, menos egocêntrica nas letras.

Achei que depois dessa parte ela fosse encerrar o show, mas então, na volta de banda, ela deixou o "banquinho e violão", ficou em pé, e fez ainda uma terceira parte do show, demonstrando muito prazer em estar lá.

No bis, surpreendeu. Cantou "Quem Vem para a Beira do Mar", de Caymmi, num clima intimista que me comoveu e me fez pensar que talvez aí esteja o motivo de eu ter ficado em Salvador. Depois, beirando o brega, atacou de "Meu Mundo e Nada Mais", de Guilherme Arantes, uma música que não é alegre. Muito boa a proposta de adequar ao clima depressivo da letra o figurino de um robe de chambre, tipo "please don't disturb".

Em seguida, veio "Deixa o Verão", de Los Hermanos. Emendando com o clima "nem tudo deve ser alegria sempre", veio o refrão "deixa o verão para mais tarde", no rock/ska com Adriana empunhando a guitarra. Ela fez questão de se aproximar de Bruno Medina, como se disesse que é uma honra para ela tê-lo na banda.

O que eu achei fantástico foi que no final da música a banda ameaçou uma coisa percursiva, eu até pensei que eles fossem emendar com outra música meio axé, para encerrar como tudo se encerra na Bahia. Iniciou-se um arremedo de berimbau, a platéia ensaiou uma dança mais rebolativa, ficou-se nessa alguns momentos e... a banda interrompeu tudo, voltando para o rock, e para o refrão "deixa o verão para mais tarde", hahahaha. Sacanearam vocês, galera!!!!!

Mas foram aplaudidíssimos, pediram bis e voltaram... Aí já tinha sido muito show e fui saindo mais cedo para não encarar a multidão.

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