Paisagem bucólica? Mas parece que estão tentando fazer um atracadouro por lá...
A cidade é a "praia dos mineiros" por ficar na divisa da BA com o ES. Aí não é a sua orla, é a baía. Tem muitos pescados, mas não deu para eu ir ao Mercado do Peixe - afinal, eu estava trabalhando.
Chegamos em cinco - nós quatro e o que tirou a foto - à Secretaria de Meio Ambiente, para dar uma olhada nos processos emitidos para a atividade de silvicultura.
Semana passada foi um trampo duro. O bom de estar em campo é que eu acostumo a acordar cedo. Quando chego na capital, já me acomodo. Lá não, acho que fico tão ansiosa com os horários, tirar tudo da mala, deixar as coisas prontas, separar documentos, rever papeladas, que cinco e meia, seis horas, pulo da cama.
São dois tipos de estresses diferentes. Tenho tentado medir e escolher. "Agora, vou para o campo; agora, volto para Salvador". Não sou bem eu que escolho, as coisas têm seu período para acontecer, cabe a mim no máximo decidir se vou viajar ou não. Das últimas vezes, quase não fui, num processo de ruptura total. Mas transigi, visto que sou uma candura de pessoa.
Desta vez, não me estressei muito, não quis mudar o mundo, e acho que essa minha própria ruptura anterior gerou um pouco de descompromisso com as coisas, e que aliviou um pouco a tensão. Outra coisa que ajudou muito foi ter ficado na casa da Flávia, com as crianças, respirando coisas boas, ao invés de ter ficado num hotel impessoal e maçante.
Mas é claro que o meu "descompromisso" é apenas momentâneo. Isso, porque, sem querer parecer presunçosa, eu realmente tenho iniciativa no trabalho, agilizo as coisas, tenho desenvoltura para falar com as pessoas. Além da minha franqueza, que se por muitas vezes me atrapalha, por outras me ajuda, então faz com que eu seja lembrada. Se comumente é para os dissabores, às vezes também é para as coisas se desenrolarem, e aí, se não tem a minha mão, sinto que algumas coisas não saem tão rápido.
Isso é "sopa no mel" (aliás, que expressão ridícula é essa - sopa no mel? - ninguém toma sopa com mel, , nem põe mel na sopa, enfim....) para a minha ansiedade. Tatiana é ansiosa e é requisitada? Deixa tudo nas costas dela, uai! Então, nessa viagem desacelerei um pouco, mas nos últimos dias já resolvi umas coisas - que se eu tivesse resolvido desde o início, não teriam se encavalado tanto.
Mas deixa estar, assim as pessoas talvez tenham chance de ver que não foram muito competentes.
O fato é que eu amo o que faço. Mesmo. Quando vou ao campo, ou quando estou, como hoje ou ontem, em contato direto com o Ministério Público, corre em mim um ímpeto, uma empolgação, uma fé, uma crença que as coisas vão dar certo, que serão resolvidas, que o meu trabalho está adiantando para algo e faz parte de uma coisa maior...
Mas quando vejo as pessoas envoltas em pilhas de papéis que não despacham por acharem que precisam corrigir todas as vírgulas, quando vejo assessores que nunca foram ao campo comandarem equipes inteiras, quando vejo as multas paradas por um, dois, cinco anos sem serem emitidas, quando vejo os filhos de coronéis galgando cargos na Secretaria do Meio Ambiente, quando vejo todos os "novos" Diretores saindo para se candidatarem, quando vejo que o MEU trabalho talvez só sirva para que os infratores façam acordo com meus chefes....
Aí me dá uma vontade de sair... Sair, sair. Assobiando, se eu fosse calma e dissimulada. Não sou, fui sair esse poço que jorra espontaneidade. Tenho um plano: pedir meus mil dias de férias, ficar em casa, escrevendo, terminar meu mestrado (será que dessa vez sai?)...
Só que essa minha alucinação de querer fazer tudo também quer aproveitar essa oportunidade de estar em campo fiscalizando. Então, penso: é só mais essa Operação. São dados importantíssimos, como eu não vou participar disso?
Agora, acho que é só mais essa mesmo. Que deve ir até junho, acho.