Estava eu andando pelo Sul da Bahia, nessa minha jornada de prefeitura em prefeitura para dar uma olhada nas licenças emitidas para os plantios de Eucalipto. Tenho amado fazer esse trabalho, que na verdade é um pouco chato, mas é necessário e importantíssimo.
Então, entro na cidade de Itapebi.
Escolada em interior da Bahia do jeito que sou, já tendo sofrido muito com as mazelas sociais e ambientais de cada lugar visitado, já tendo chorado e me desesperado ao entrar em dezenas de cidades e me deparar inevitavelmente com o mesmo cenário, somente comprovei o habitual. Cidadezinha pequeninha, pobrezinha, feinha. Brinquei com o motorista, de um modo preconceituoso: "que bom que eu moro em Salvador".... Sendo que eu não acho bom, eu acho Salvador um cocô, imagine se eu morasse nessas cidades onde vou a trabalho... Aí a relatividade das coisas começa a te pegar. Mas não pode deixar pegar muito, senão se conforma com uma vida no meio do mato, como a que eu tive durante alguns anos, e quando vi, estava com uma vida que nada tinha a ver comigo.
Bom, mas voltemos a Itapebi. Como toda cidade, eu entro reclamando, mas na conversa com os Secretários de Meio Ambiente, sinto tanta realização... Tanta coisa a fazer, e em vez de pensar, como antes: "que droga, está tudo errado, que se dane tudo", eu penso, e tenho o discurso "vamos fazer juntos, essa é uma etapa do nosso trabalho". Essa é a diferença de ser sacaneada e de ser valorizada no trabalho. Estou sendo valorizada, e tenho que aproveitar, pois não sei o quanto isso dura.
Depois do trabalho feito, o Secretário foi me mostrar uma matinha onde quer fazer uma UC. Linda, mas o mais surpreendente não é isso. Atrás dela, à beira do Jequitinhonha, existe a cidade velha. Velha porque os moradores foram se mudando para o alto, e poucos ficaram na beira do rio. Uma pena! Ruas de paralelepípedo, praça com (dizem) a maior canoa do mundo, casario merecedor de conservação, um lugar onde dá vontade de andar, conversar com os poucos moradores que restaram, saber porque ficaram, como era antes...
Porque as pessoas se vão? Os lugares morrem, outros mais feios surgem, os que eram belos viram decadentes... Aquilo lá tem que ser revitalizado, virar roteiro turístico... Mas fazer o quê, se a galera que vem para a região (leia-se Porto Seguro) quer encher os cornos de cachaça e dançar axé espremido?
Enquanto isso, vou andando.
Então, entro na cidade de Itapebi.
Escolada em interior da Bahia do jeito que sou, já tendo sofrido muito com as mazelas sociais e ambientais de cada lugar visitado, já tendo chorado e me desesperado ao entrar em dezenas de cidades e me deparar inevitavelmente com o mesmo cenário, somente comprovei o habitual. Cidadezinha pequeninha, pobrezinha, feinha. Brinquei com o motorista, de um modo preconceituoso: "que bom que eu moro em Salvador".... Sendo que eu não acho bom, eu acho Salvador um cocô, imagine se eu morasse nessas cidades onde vou a trabalho... Aí a relatividade das coisas começa a te pegar. Mas não pode deixar pegar muito, senão se conforma com uma vida no meio do mato, como a que eu tive durante alguns anos, e quando vi, estava com uma vida que nada tinha a ver comigo.
Bom, mas voltemos a Itapebi. Como toda cidade, eu entro reclamando, mas na conversa com os Secretários de Meio Ambiente, sinto tanta realização... Tanta coisa a fazer, e em vez de pensar, como antes: "que droga, está tudo errado, que se dane tudo", eu penso, e tenho o discurso "vamos fazer juntos, essa é uma etapa do nosso trabalho". Essa é a diferença de ser sacaneada e de ser valorizada no trabalho. Estou sendo valorizada, e tenho que aproveitar, pois não sei o quanto isso dura.
Depois do trabalho feito, o Secretário foi me mostrar uma matinha onde quer fazer uma UC. Linda, mas o mais surpreendente não é isso. Atrás dela, à beira do Jequitinhonha, existe a cidade velha. Velha porque os moradores foram se mudando para o alto, e poucos ficaram na beira do rio. Uma pena! Ruas de paralelepípedo, praça com (dizem) a maior canoa do mundo, casario merecedor de conservação, um lugar onde dá vontade de andar, conversar com os poucos moradores que restaram, saber porque ficaram, como era antes...
Porque as pessoas se vão? Os lugares morrem, outros mais feios surgem, os que eram belos viram decadentes... Aquilo lá tem que ser revitalizado, virar roteiro turístico... Mas fazer o quê, se a galera que vem para a região (leia-se Porto Seguro) quer encher os cornos de cachaça e dançar axé espremido?
Enquanto isso, vou andando.
Minha moça viajante... Fez meus olhos se encherem de lagrimas com esse relato todo. Me fez sentir pequena, sem ação pra tanta coisa que deveria estar fazendo por meia duzia de pessoas que fosse.
ResponderExcluirTe admiro tanto pelo que faz que não tens ideia. É uma felicidade poder dizer que te conheço e que já vivi tantas horas boas contigo.
Boa sorte honey. Que o Cara lá de cima lhe acompanhe sempre!
Beijokas saudosas
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOxi, Katy, deixa de besteira! Também te admiro muito pelo que vc faz, e pelo que vc é. A gente sempre quer fazer mais, não adianta. Essa mania de querer ser grande.
ResponderExcluirGrande é nossa companhia!
bjos
Tatiana,
ResponderExcluirFiquei feliz com seus comentários sobre minha cidade de Itapebi. Sou um dos deixou pra atrás aquela beleza, às margens do Jequitinhonha. Mas é isso mesmo. Porém juntamos alguns filhos e amigos de Itapebi, voltamos a dar de frente com aquelas belezas naturais. Fizemos um encontro no dia 12 de outubro passado, onde conseguimos reunir mais ou menos 350 pessoas de todo país (SP, MA, MG, PA, ES,DF, e grande maioria de Salvador). Nesse encontro criamos a AFAI-Assoiação dos Filhos e Amigos de Itapebi, já devidamente registrada e em andamento para registro no Ministério da Justiça. Temos reuniões no Conselho todas as últimas terças feiras do mês, amanhã teremos uma reunião dia 25,no Clube 2004, será um prazer recebe-la para termois depoimentos pessoalmente de sua passagem por Itapébi. Vamos nos reunir também no domingo dia 30, no Clube ASBAC, com uma Feijoada, o Clube fica na Pituba em frente ao Hiper BOMPREÇO, você também é nossa convidada e quem sabe associar-se como uma nossa AMIGA.
Gostei muito do seu depoimento, me deixou bastante feliz. E nós, pretendemos realizar o que você bem diz na sua fala.Queremos sua autorização para publicar em nosso site. www.itapebi.net ACESSE!
Um abraço,
Cobi
Tatiana,
ResponderExcluirInserimos em nosso site, www.itapebi.net, parte de texto seu a respeito de Itapebi, minha terra natal. Gastariamos de ter uma foto sua para publicarmos, bem como inserir um link do seu blog (muito legal). Nossos e-mails são:
itapebi@itapebi.net e afai@itapebi.net. Desde já muito obrigado, também pelo seu texto, muito legal. Abração
Marivaldo
Olá Tatiana,
ResponderExcluirSou um filho de Itapebi, sempre que posso estou lá aproveitando aquela beleza testemunhada por voce.
Minha Nobre, que bom se os governantes de nosso estado tivesse a sensibilidade que voce tem no exercicio de seu trabalho, como a que teve ao visitar minha querida "velha" Itapebi.
Obrigado pelo texto sobre "nossa" cidade......
Junte-se a nosso grupo na AFAI e seja uma Itapebiense por admiração.
Forte abraço,
Arnaldo "Reis" Alves dos Santos
Prezados Cobi, Marivaldo e Arnaldo,
ResponderExcluirMuito obrigada pelos seus comentaŕios!
Quando fui ler o texto de novo, corei pelos palavrões, mas relevem, porque o blog é uma página muito despretenciosa e pessoal.
De qualquer maneira, fiquei muito feliz pelo efeito do texto, porque "do nada" descobri como Itapebi tem filhos apaixonados! É bom isso, né?
Cobi, agora estou em Teixeira de Freitas, novamente a trabalho, e só devo voltar para Salvador no dia 13/04, mas agradeço o convite para a feijoada.
Muito legal a iniciativa da Associação, boa sorte no andamento dos trabalhos.
Marivaldo, vou lá no site agorinha ver qual parte do texto vc publicaram, para mim é um orgulho. Foto, não tenho nenhuma agora, mas se tirar alguma por esses dias, te mando, ok?
Arnaldo, ainda tem muita gente sensível e comprometida no serviço público, pelo menos eu ainda estou nele por acreditar que eu posso intervir no que faço de alguma forma.
Abraços aos três, que me surprenderam por terem achado meu texto.
Tatiana
ResponderExcluirSou Emilio José, estou presidente da AFAI - Ass. dos Filhos e Amigos de Itapebi,entidade que criamos em Out/2007 durante um Encontro que promovemos na cidade.
Compartilhamos com os sentimentos que afloraram em vc quando esteve na nossa Cidade Histórica ( cidade Baixa ou cidade Velha,não importa o adjetivo que a nossa memória nos traz).Espero que vc já tenha acessado o nosso site e lhe convido a participar conosco,associados,de uma jornada que objetiva o tombamento da nossa cidade.Idéias temos muitas.Precisamos discuti-las com pessoas que queiram somar.
Meu email é emiliosuzart@gmail.com .Muito obrigado e aguardo breve contato
Emilio
Oi Emílio! A Cidade Velha me encantou muitíssimo, me arrebatou de cara, e a prova que o apelo dela é fortíssimo é que eu jamais tinha oouvido falar dela, fui sem esperar o que ia encontrar pela frente e me surpreendi.
ResponderExcluirNão só visitei o site como gostei muito, principalmente de conhecer um pouco mais sobre a história da cidade, ver as fotos dos carnavais e saber da iniciativa da Associação.
Podemo manter contato sim, claro.
Abraços!
Tati
ResponderExcluirSeu texto me emocionou. Não poderia nunca imaginar que aquela nossa vizita à cidade baixa seria tão marcante. Suas palavras são como se fossem as palavras de centenas de filhos, legítimos ou adotivos, que sonham com a preservação e conservação da memória histórica de Itapebi.
Beijos minha querida!!
Mário Louzada da Floram
Mário,
ResponderExcluirAgradeço por vc ter me propocionado o passeio, e se não externei ainda mais meu fascínio pela descoberta naquela hora, era porque estávamos, na verdade, a trabalho e eu não podia me dar ao luxo de ficar o dia todo por lá, conversando ocm os moradores da Cidade Velha, como era de minha vontade.
Ainda bem que, ao menos por enquanto, conseguios, na medida do possível, aliar o trabalho ao prazer.
Sorte na nossa jornada!
Abraços.
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