09/07/2009

NÃO ADIANTA BATER

Eu e Alice, no Beirute da Asa Norte

Fachada lateral do prédio do Instituto de Artes (IdA) da UnB

Chamada para exposição no Espaço Piloto

Cometa Cenas

Cartaz d "A Casa Fechada"
Cena inicial da peça

A Casa Fechada

Ontem fui ver o espetáculo teatral "A Casa Fechada", de Roberto Gomes, em montagem de alunos do curso de Artes Cênicas da UnB. A direção foi de Alice Stefânia, professora do curso. Foram duas apresentações no dia de ontem, inseridas no Cometa Cenas, mostra de trabalhos de alunos do Instituto de Artes da UnB.

Combinei com Alice de ver a apresentação das 18h. Ao chegar mais cedo (16h50, será que sou neurótica?), a vi rodeada de pessoas do elenco, e logicamente não fui tirar a concentração deles (nem ser inconveniente).

Zanzei pelo IdA e entrei numa sala onde estava tendo uma apresentação. Teatro, mesmo de alunos, não dá para ser de médio a ruim. Teatro tem que ser bom. E aí o diretor tem que se virar. Imagino que cada ator tenha sua limitação, mas cabe ao diretor ter noção do que está suficientemente pronto para ir ao palco.

Eu não entendo de onde algumas pessoas tiram a idéia da entonação completamente caricata dos personagens. Uma coisa quue não se aplica. Parece que estou ouvindo estória da minha coleção do Disquinho. Sério. Aí, nessa hora, eu acho que isso não é resultado para se apresentar numa Universidade pública.

E fica claro que há diferenças entre os atores. Alguns, por melhores que sejam, não conseguemm segurar a cena contracenando com outros que nos constrangem de tão ruins. Olho para o relógio. Nossa, acho que a apresentação pela qual espero não será naquela sala.

Como sou lesa! Claro que não será! Precisam mudar o cenário, precisam mudar tudo! E agora, como faço para sair dali? Meu pé está dormente, estou sentada no chão, vou fazer barulho, não tenho elasticidade para levantar como uma ginasta. Ah, claro, para melhorar estou de vestido. Não muito comprido.

Após engatinhar elegantemente em direção à porta emperrada, ao sair percebo que algumas pessoas aproveitaram minha iniciativa e me seguiram. Nada como ser precursora!

Então, fui ver a exposição de diplomação da turma de Artes Plásticas de 2009 - 1o. Semestre. Gostei de alguns trabalhos, e me alivei por não encontrar mais sentido nas coisas sombrias que estavam expostas, adequadamente, no subsolo. Com exceção de um coração (ou rim?) feito em metal trançado, bem delicado e artesanal, que tinha uma lâmpada que parecia um cristal que projetava uma sombra rendada, na parede. Esse eu adorei, fiquei brincando com a lâmpada, desenhando o movimento pendular do órgão projetado.

O restante, eu gostaria há dez anos atrás, quando tinha na boca um gosto de asfalto e sangue. E barro vermelho. Hoje tenho nuvens e sorvetes e um colorido de flores. Por mais que a vida tenha sombras.

Também gostei muito do trabalho do cara com traço dos quadrinhos. Em tempo de tantas instalações, ele reacendeu a lembrança de desenhar numa folha de papel. Não é assim que tudo começa?

Depois desse giro, volto para o corredor, onde econtro Alice, que me diz que o espetáculo vai atrasar um pouco. Me convida para entrar, eu declino. Mais um passeio. Quando volto para a porta da sala, já tem uma fila enorme, distribuição de senhas, todo um esquema. Informal, mas um esquema. Como eu ia falar para o cara que eu já estava lá antes daquela fila ser formada? Melhor pegar logo minha senha.

Começo a observar. Como seriam essas pessoas em Salvador? Será que eu seria implicante com elas? Provavelmente. Tenho uma tendência a ser benevolente com as pessoas de Brasília e rígida demais com as pessoas de Salvador. Em alguns pontos. Culturalmente.

Mas Academia é Academia. E Academia de Artes, ainda por cima, tem umas coisas que realmente... As conversas que eu ouvia enquanto esperava a fila me faziam pensar nisso. A galera da Academia sempre vai ter o rei na barriga, não adianta. E tb tem um olhar um pouco deslocado da realidade, ou sei lá, o que é a realidade? Talvez eles tenham outra realidade, que não é essa nossa (minha), simples, medíocre, comezinha.

Mas chegou um cara na fila e me perguntou: "é A Casa Fechada?". Eu: "hã?". Ele, de novo: " A Casa Fechada?". Eu, como já tinha dado um furo lá com as senhas mas agora era ÍNTIMA do ambiente e sabia que precisava de senha, falei: "não". Hahahaha, achei que ele tivesse perguntando se a casa era fechada para pobres mortais como ele, mas eu quis dizer que não, que era só ir lá nna frente que eles davam uma senha e vc entrava na fila e podia ver o espetáculo. Aí, uma professora que estava na minha frente acho que ficou com pena da minha descompreensão e falou para o cara: "é!".

E de fora em fora, entrei no teatro. Nem parece que tenho duas irmãs atrizes e sou filha de ator e diretor. Gosto de ser ter perdido esse vínculo e ter criado outros. É a minha identidade, e nesse sentido a acho comum. E sendo comum, gostei da peça. Com meu olhar que acho crítico para uma leiga. Sente-se claramente a afinação do elenco, mesmo com uma substituição aos 50 minutos antes do início da apresentação. Mérito de todos, e muito da direção.

O figurino estava fantástico, tb gostei muito da concepção gestual principalmennte da personagem "menina". Uma peça na qual a gente nnão presta atenção nos atores. Isso é bom.

Desta vez, na volta da UnB para casa, ao passar pelo CEAN eu não senti nadica da nostalgia que senti naquele outro dia. Acostumei, baby, tenho nervos de aço!

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