03/05/2009

COM FIM


O vendedor já indo embora do bus

No mesmo ônibus, outro vendedor, vendendo "Hallis" (Halls) em diversos sabores, no prazo de validade, pessoal! Todo mundo aqui chama Halls de Hallis.

Mais um deles.

Esse vendia "picolé de fruta"

Minutos mais tarde: esse era mal educado e não gostou de ser fotografado, acho que queria uma gorjeta.

Tive que aguentá-lo dançar pagode e cantar "rala a **** no asfalto". A classe das pessoas é assombrosa!

Que eu sou uma peoa e ando de buzú não é novidade. A novidade é que eu não vou mais andar em pouco, pouquíssimo tempo. Mas quando eu nem imaginava que isso seria uma realidade tão próxima, um pouco antes de viajar de férias para Curitiba, eu fiz essas fotos, já com a paciência estourando com tantos vendedores que entram pela porta dianteira dos coletivos nesta grande, maravilhosa e organizada cidade da São Salvador.

Aqui, entramos pela porta de trás e os que têm isenção de tarifa pela porta de frente, para ficar apinhando quando a gente quer descer. Por que não dão um cartão de isento para eles passarem na roleta, como em Curitiba? Lá se entra pela frente e os ônibus têm uma porta no meio, assim se o ônibus tá cheio a pessoa não precisa fazer a via sacra até o final dele. Em Salvador, os poucos ônibus que têm a porta do meio não a utilizam.

Mas fora os isentos de passagem, quem entra, e muito, pela porta da frente são os vendedores. A Prefeitura de Salvador resolveu organizá-los, dando-lhes um uniforme. Eu já vi um passar o uniforme para outro, mas na verdade isso não importa, pois entram desuniformizados tb. O fato é que com a "legalização" o número de vendedores nos ônibus, legais ou não, aumentou vertiginosamente.

Existem viagens em que entram mais que quatro vendedores, sem exageros. Quando o ônibus para em frente a lugares de grande movimento, como o Shopping Iguatemi, é uma profusão de vendedores, uma verdadeira batalha! Tem de tudo: água gelada, caneta automática quatro cores e para CDs, cartilhas educativas, quebra-cabeça, kit para costura, balas e guloseimas em geral e mais uma dezena de artigos inusitados.

Peculiar tb é a forma de venda. Existem desde os que dão agonia e vontade de sumir, compartilhando com vc as desgraças pessoais e usando a tática da culpa social para tentar alavancar as vendas, até os bem humorados e os que parecem recém saídos de uma escola de marketing. Existem os que usam as vendas para levar as palavras de Deus, existem os que falam tão baixo e para dentro que terão que penar muito para vender algo. Existem os insistentes, que apesar de ninguém fazer menção de comprar nada, continuam repetindo, repetindo, repetindo.

E o mantra ecoa na cabeça da gente: "boa tarde, pessoal! Desculpe estar incomodando a viagem de vcs, mas estou vendendo _______ (deliciosos, práticos, divertidos) ___________ (amendoins, canetas, passatempos)"... E por aí vai.

Às vezes eu nem escuto, às vezes me dá vontade de falar: "mas de novo? Acabou de sair um vendendo isso agorinha!", às vezes me dá simplesmente vontade de tapar os ouvidos. Numa cidade séria, isso não acontece, os formuladores de políticas públicas pensam em outras formas de dar alternativas para essa gente produzir meios de sobrevivência. Péra, péra. Eu falei séria? Isso existe no Brasil? Estou querendo demais, né? Menos avacalhada, digamos!


2 comentários:

  1. Eu achava Salvador a cidade mais esculhambada do mundo. Mas depois que eu vim morar no Rio aí foi que eu vi o que é esculhambação profissa.
    Você precisar pegar ônibus vindo da zona norte na hora do rush. É coisa que vc nem acredita. Um dia anotei correndo algo que ouvi.
    http://organoleptico.blogspot.com/2009/01/no-ondibus.html
    Pena que nem sempre consigo. Daria um livro.

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  2. Ai, quero pegar esse busão não!

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