23/06/2008

ACENDE A FOGUEIRA DO MEU CORAÇÃO

Anna and me

Ontem eu fui ao show do Alceu Valença no São João do Pelourinho. Ainda bem que a Anna tb queria ir, porque eu já estava tão entediada de ficar trancada em casa há dias que pensei até em ir sozinha.

Realmente, é outro mundo. É impresisonante como aqui em Salvador as camadas sociais não se misturam. Estávamos lá, nós, no meio de um mundo que eu, pelo menos, desconheço. É o mundo real. O mundo de pessoas de bem, sérias, honestas, trabalhadoras, humildes. Que dançavam forrózinho chamegado com seus maridos, seus namorados, seus amores. Que cantavam junto com Alceu todas as músicas das quais eu sei a letra de trás para frente e de frente para trás.

Mas são pessoas com as quais eu não convivo. Todas estavam enfeitadas, bonitas para a festa. Com suas roupas compradas em lojas populares, e não por isso menos bonitas que o meu vestido caro e minhas pulseiras novas.

Fiquei, assim, comparando no que seria a felicidade. Eu estava lá feliz por estar no meio daquela gente. Por eu estar assistindo um show do Alceu doze, quinze anos depois do show dele que vi lá em Antonina.

Sim, aquele show em que fui sozinha passar a noite no Festival de Inverno. Aquele show onde não encontrei nenhum dos quinze mil amigos que eu esperava encontrar (ora, alguém não havia dito que a vida era uma festa?) e acabei dormindo num alojamento de estudantes que eu nem conhecia, coberta apenas com meu casaco, depois de ter sido umas das únicas que ficou vendo o show sem guarda-chuva.

Agora eu estava num show do mesmo cara, e estava simplesmente sendo bom. As coisas não precisam ser espetaculares - expectativa gera sofrimento. Podem simplesmente ser.

E assim, fiquei satisfeita por estar com uma amiga querida, numa noite tranquila.

O meu telefone foi roubado, mas é porque dei mole - fiquei cuidando demais da minha bolsa, mas esqueci que ela tinha uma bolsinha externa, onde eu, espertamente, deixei o celular.

Ah, e no telão, em vez do Alceu, algumas vezes aparecia o Governador dando uma entrevista que a gente - graças a Deus - não ouvia. Mas eu via Alceu lá no palco, pequeninho, olhava pro telão para ver se via algum detalhe.... E tinha o desprazer de ver JW se aproveitando da festa para incutir, nada sutilmente, sua imagem na mente dos eleitores.

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