Redução da participação no Luz para Todos gera economia para o estado
A redução de 20 para 10% da participação do estado no financiamento do Luz para Todos, aprovada pelo Ministério de Minas e Energia, vai gerar uma economia para a Bahia de R$ 52,6 milhões nas obrigações do exercício de 2007 e mais R$ 134,6 milhões até o final do programa.
Segundo o secretário de Infra-estrutura, Antônio Carlos Batista Neves, o dinheiro economizado deve ser aplicado em obras de energia para projetos de irrigação no oeste do estado, contemplando as regiões de Rio do Meio, Itaguari, Formosa do Rio Preto e Pratudão.
Acho estranha a destinação desse dinheiro, principalmente porque o público alvo do "Luz para Todos" são pequenas comunidades que ainda não tiveram acesso à energia elétrica e com ela podem alcançar, quiçá, um patamar minimamente aceitável de acesso a serviços básicos que devem ser oferecidos pelo Estado. São famílias que têm baixa renda e pequenos índices de desenvolvimento humano (mesmo levando-se e conta que o IDH não é um bom indicador).
O caso é que o público alvo das obras de energia para irrigação no oeste da Bahia é BEM diferente. Comumente com dinheiro subsidiado (leia-se: o meu e o seu dinheiro), os projetos de irrigação são coisa para gente grande, e não para os que ainda não saíram da linha da pobreza.
Agricultura irrigada é coisa para gente valente, que pega água direto do rio (outorga? o que é isso?) para regar suas plantinhas. Não sem antes construir sem pavimentação, cobertura ou ventilação adequadas os galpões para armazenamento de agrotóxicos - que vão de "brinde" na aguinha usada.
Pivô central de irrigação, com captação direta do rio Pratudão
Tubulação para alimentação dos pivôs
Bomba d´água para captação no canal
Instalação utilizada para ferti-irrigação, próximo ao canal do rio Pratudão.
Se o rio passar muito longe da plantação, não faz mal, o homem pode tudo, até mesmo desviar um rio e fazer um canal com largura muito superior ao leito original. Área de Preservação Permanente? Vegetação nativa? Biota aquática? Detalhes, meu povo, apenas detalhes.
Canal desviado do rio Pratudão
E por que não aproveitar o rio desviado para gerar energia para a minha própria fazenda? Tudo é meu - o rio, as terras que eu comprei a preço de banana e ainda não paguei, os empregados que ganham salários miseráveis e que, ao invés de cultivarem seu alimento e poderem gerar renda com o excedente, estão ajudando a plantar soja para os porcos comerem. Não interessa que a soja e monoculturas afins sejam desagregadores sociais e ambientais. O que interessa é a fatia do PIB, e essa tem sido gorda, como a proteína animal que vem sendo exportada.
Então, vêm os gaúchos, vêm os paranaenses conterrâneos de meus ancestrais, vêm os japoneses, vêm todo tipo de gente que não seja baiano - porque aos baianos, restam as migalhas.
Espelho d'água da barragem
Canalização da barragem para a Pequena Central Hidrelétrica
Encontro da PCH com o rio Pratudão
Queimada em área de vereda
Queimada em área de campo-cerrado
Fornos de carvão, com capacidade para 12 m3 cada, na Fazenda Humaitá (município de Jaborandi), que arrenda a terra para carvoeiros, tendo assim o solo preparado para plantio.
Captação d’água diretamente do recurso hídrico, na localidade Morais, próximo a uma estrada vicinal, danificando vereda.
Vegetação após a ação do correntão para preparo do solo para soja, entre a margem esquerda do rio Pratudão e direita do rio Arrojadinho
Fazenda Jaó, com 1.200 ha em aração, dotada de grande infraestrutura, com poço, caixa d´água de 50.000 l, galpão para revisão mecânica de tratores e bombas para abastecimento de combustível. Localizada a cerca de 10 km do rio Arrojadinho, tem como curso d´água mais próximo o rio Pratudão. Solo preparado, aguardando plantio e altamente vulnerabilizado pela erosão eólica.
Área gradeada para plantio de feijão, invadindo o fundo da vereda
Área com aplicação de agrotóxicos na Fazenda Porta do Céu, para combate à lagarta da soja; foram avistados 9 filhotes de ema, com sua mãe.
Desmatamento na vereda do Rio Pratudão Faz. Cotovelo
Fotos by me, a Eng. Florestal otária.