18/10/2015

PATRIMÔNIO

Sempre tive um gosto musical eclético, embora firme em minhas preferências - e tb em minhas implicâncias. Blindagem nunca fez parte das minhas bandas preferidas, ao contrário. Não gostava daquela coisa anos 70, não só neles mas em muitas bandas - com algumas nobres exceções. Achava que precisava haver renovação no cenário musical, e decididamente o Blindagem não contribuía com isso. Fora aquele massacre na programação da Estação Primeira.

O tempo passou e depois dessa fase fiquei 15 anos fora de Curitiba. Quando voltei passei por um processo de reintegração com a cidade e comigo mesma, andando pelas ruas que um dia tinham sido "minhas", revendo velhos amigos, resgatando algumas convivências, reconstruindo minha identidade e fortalecendo a sensação de pertencimento ao cenário.

Me apaixonei loucamente por uma pessoa que tinha hábitos, vida social e visão de mundo bem diferente da minha - mas adorava Blindagem, a ponto de ter ido se despedir do Ivo no Teatro Guaíra. Fui percebendo o quanto a banda fazia parte das lembranças da várias gerações e de pessoas tão diversas entre si. E de repente, ouvir Blindagem me aproximava da experiência de estar novamente em Curitiba.

Desde então vi alguns shows da banda, inclusive o de ontem na Ópera de Arame. Devido às condições do local, não fui esperando muita qualidade técnica no som, e eu estava certa. Não sei o que fizeram, mas só consegui ouvir bem a orquestra na segunda metade do show.

Muitas pessoas dizem que o Blindagem sem o Ivo não é o Blindagem, mas gosto do novo vocalista e acho que ele cumpre bem o seu papel. Percebi tb a técnica do baterista, à qual nunca havia me detido anteriormente. Mas o feeling do show esteve, sem dúvida, no guitarrista Paulo Teixeira. Toca com vontade e se divertindo!

Foi um show bastante parecido com o "Rock em Concerto", que eles fizeram, ainda com o Ivo, com a Orquestra Sinfônica do Paraná. Creio que queriam registrar, numa fórmula que já deu certo, algumas músicas novas e a continuidade da banda sem ele. Além disto, comemoraram 40 anos de estrada, o que, convenhamos, não é para qualquer um.

Considero cumprida essa parte da missão. Curitiba ñ tem mais sabor de novidade para mim - embora eu a redescubra diariamente; o rapaz com quem vivi um tórrido e longo affair faria aniversário hoje mas deve estar tomando "uns bom drink" com o Ivo no céu; a maioria dos meus amigos continua não gostando de Blindagem - embora eu tenha tb feito novas amizades que gostam e a vida continua num domingo nublado na cidade que é minha novamente.

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