27/03/2010

A BALANÇA

 Forno abandonado de carvão em Inhambupe - BA

Qual é a diferença entre o seu Joselito do carvão e seu Moisés do Areal? E como fica seu José Carlos no meio disso tudo? O fiel da balança não pode ser subjetivo quando se trabalha com LEIS.

I'm so sorry, mas na prova da segunda fase do concurso que fiz para exercer a função que exerço a gente só tinha um foco: legislação ambiental. Acho que isso era importante, senão a galera da repartição não ia tirar do nada, iam preferir falar de influências político-econômicas na gestão pública. Talvez fosse mais sincero.

Depois de anos, esbarro sempre na mesma coisa: Ah, não vamos multar seu Coisinho, porque ele é pobre. E o seu Coisão tb não dá para multar, porque, sabe como é, nunca dá em nada. Então, a rigor, a gente faz o que, pelamordedeus? Finge que trabalha?

Se é para fingir, sou mais ficar escolhendo a cor do meu próximo esmalte. Mas é o seguinte: se me chamaram pro campo, vou ter que trabalhar. Sem essa de fingir que trabalho, em pleno campo. É lá que se tem a oportunidade única de se registrar o que realmente ocorre.

Apesar de ser onde realmente se efetiva o olhar que a instituição deve ter sobre seu objeto (meio ambiente, alguém já ouviu falar?), há um despreparo total para enfrentar as situações de campo. Porque, entre outras coisas, não há uniformidade.

Não aquela uniformidade que engessa, mas a homogeneidade necessária para que as decisões não sejam toscas, amadoras.
Aí a gente se enconta com seu Joselito, tadinho, cuja filha de 12 anos parece saída de uma foto de Sebastião Salgado. É até um desrespeito fotografá-la cheia de fuligem, no início de sua adolescência, ali, naquela nesga de tera, alijada de todo e qualquer futuro cidadão.

Sim, eu sinto muito e a conversa com seu Joselito deve ser a mais conciliadora possível. Agora, o que não dá é para fingir que não viu o forno de carvão dele. Não dá para não falar que ele precisa se regularizar.

Mas o consenso, essa imposição da maioria, travestido de processo democrático, nos leva a abrir mão. O perigo é que nisso, já levaram não só o braço, mas o corpo todo e tambémn a alma dos que pensam que com o curto alcance do braço de fiscal estão conseguindo intervir, de modo significativo, na realidade social.

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