Sexta de noite, tudo calmo, véspera do casamento de amigos queridos, sento em frente à TV para costurar almofadas. Cena singela.
Singela se não fosse eu uma pessoa que se importa com o que vê e se o que se vê não fosse tão bizarramente estúpido. Explico: vi o Globo Repórter sobre o Cerrado. Doeu. Foi doendo aos poucos. Fui fingindo que nada acontecia, que eu já sabia de tudo, que é assim mesmo.
Mas quando chegou no bloco da Bahia foi demais para o cabeção! Não dá, cara, não dá! Saber de tudo, em detalhes, ter participado de negativas por anos e anos para transformar essa realidade e ver, assim, numa sexta-feira banal num programa de TV, é realmente foda.
Me permitirei usar palavrões nesse post.
Ter trabalhado com afinco tentando fazer o melhor enquanto estive no licenciamento ambiental, depois de minha experiência no Parque Nacional Grande Sertão Veredas, trazendo para o bojo licenciatório traços conservacionistas, isso tudo deixou mais marcas em mim do que eu pensara.
Não é à toa que hoje sou uma pessoa mais leve, mais amena. Mais alienada, talvez, não levando tudo a ferro e fogo. O trabalho na repartição e o governo petista contribui muito para isso. Para eu eu me juntasse (à mim mesma). Para que eu visse que não vou mudar o mundo, nem parar o desmatamento no Oeste, nem o avanço do Eucalipto no Sul.
Se sou uma acomodada? Acho que não. Em comparação com o que já fui? Não, decididamente não. Se tenho mais inteligência emocional? Não arriscaria a dizer que sim.
Meu ímpeto de mandar os que arquitetaram tudo isso tomar no cu é tão grande quanto antes. Eu apenas não durmo nem acordo pensando nisso.
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