Por esses dias vai ser aniversário do meu pai. De nascimento. Ele faria 69 anos. Estaria ficando véio, hein véio? Esses dias tenho ouvido Sérgio Sampaio e tenho lembrado de coisas que acabam me remetendo ao meu pai.
Para começar, tenho essas fases de ouvir música e tenho também umas fases de puro silêncio. Tendo em vista que mais de metade dos meus quarenta anos de vida eu passei com música all the time nos meus ouvidos, eu cansei. Gosto muito de silêncio. Gosto muito de música ainda, mas não a toda hora. E gosto só da minha música. Claro que adoro ouvir música dos outros quando isso é uma boa experiência para mim, mas como isso é uma raridade, eu prefiro não compartilhar de experiência de ouvir música a não ser sozinha.
Mas voltando ao Sérgio Sampaio, me lembrei de quando ele se hospedou lá em casa, (na casa do meu pai, onde eu morava, para ser mais exata), em 1982. Ele estava fazendo shows para divulgar o álbum "Sinceramente", que tinha sido lançado de forma independente e que meu pai vendia lá na loja de produtos naturais e discos (vinis, claaaaro) independentes que ele tinha - o Jegue Elétrico.
Em "Sinceramente", existem trechos em "Homem de Trinta" que enaltecem a volta à rotina: "tenho almoçado e jantado, tenho tomado café da manhã; barra pesada não, muito obrigado, tenho levado uma vida sã". Se eu, com as minhas crises de depressão, sei o quanto é bom estar de volta à rotina, imagina uma pessoa com problemas maiores, tipo alocoolismo.
Em "Meu filho, minha filha", ele canta para um filho que ainda não tinha nascido. Aí, vem de novo aquela história de que todo mundo tenta ser o melhor que pode. E aí entra o meu pai na história. Ah, essas músicas dos pais para os filhos!
Tá tudo certo. Feliz aniversário. A gente sempre faz o melhor que pode.
Mas voltando ao Sérgio Sampaio, me lembrei de quando ele se hospedou lá em casa, (na casa do meu pai, onde eu morava, para ser mais exata), em 1982. Ele estava fazendo shows para divulgar o álbum "Sinceramente", que tinha sido lançado de forma independente e que meu pai vendia lá na loja de produtos naturais e discos (vinis, claaaaro) independentes que ele tinha - o Jegue Elétrico.
Eu já conhecia o disco, porque e trabalhava lá no Jegue durante o meio período em que não estudava, então ficava ouvindo todos os discos que se vendia por lá, das gravadoras Som da Gente, Lira Paulistana, Baratos e Afins e umas outras que não lembro. Mas era só coisa boa. Tá certo que lá não vendia os da Punk Rock Discos - não era bem o público alvo.
Aí quando o Sérgio ficou lá em casa que eu fui me tocar que ele que era o autor da famigerada música "Eu quero é botar o meu bloco na rua". Eu com 14 anos, topete rockabilly, três vinizinhos punks vindos de São Paulo, duas reportagens lidas na Revista Som Três, me achava a mais punk do mundo e andava meio alheia ao que acontecia em relação ao meu pai e aos amigos dele.
Mas gostei do Sérgio. Gostava dos amigos do meu pai de forma geral, não achava nenhum deles ripongão chato (pois de fato não eram, todos eram bem interessantes, tinham trabalhos legais, geralmente ligados a coisas criativas, e não eram perdidos no tempo).
Lembro que o Sérgio tinha algo de ácido. Meu pai não bebia, então em casa não tinha bebida. Mas com o Sérgio por lá, isso mudou. Estava sempre com o copinho de uísque na mão. Era um cara engraçado, divertido, altamente sentimental. Não convivi tanto tempo com ele assim, mas foi a impressão que ficou.
Lembro que depois li a dedicatória que ele deixou na capa do vinil e fiquei bem sensibilizada por ver o quanto aquela passagem por lá tinha sido importante para ele.
Agora que já sou uma mulher adulta (hahaha), estou ouvindo o tal do disco e me vieram várias coisas à mente: primeiro o talento desse cara e a forma que morreu. Musicalidade não nasce assim fácil. Mas segurar a cabeça tb não é fácil. Lamento muito que tenha sido difícil para ele.
Aí quando o Sérgio ficou lá em casa que eu fui me tocar que ele que era o autor da famigerada música "Eu quero é botar o meu bloco na rua". Eu com 14 anos, topete rockabilly, três vinizinhos punks vindos de São Paulo, duas reportagens lidas na Revista Som Três, me achava a mais punk do mundo e andava meio alheia ao que acontecia em relação ao meu pai e aos amigos dele.
Mas gostei do Sérgio. Gostava dos amigos do meu pai de forma geral, não achava nenhum deles ripongão chato (pois de fato não eram, todos eram bem interessantes, tinham trabalhos legais, geralmente ligados a coisas criativas, e não eram perdidos no tempo).
Lembro que o Sérgio tinha algo de ácido. Meu pai não bebia, então em casa não tinha bebida. Mas com o Sérgio por lá, isso mudou. Estava sempre com o copinho de uísque na mão. Era um cara engraçado, divertido, altamente sentimental. Não convivi tanto tempo com ele assim, mas foi a impressão que ficou.
Lembro que depois li a dedicatória que ele deixou na capa do vinil e fiquei bem sensibilizada por ver o quanto aquela passagem por lá tinha sido importante para ele.
Agora que já sou uma mulher adulta (hahaha), estou ouvindo o tal do disco e me vieram várias coisas à mente: primeiro o talento desse cara e a forma que morreu. Musicalidade não nasce assim fácil. Mas segurar a cabeça tb não é fácil. Lamento muito que tenha sido difícil para ele.
Em "Sinceramente", existem trechos em "Homem de Trinta" que enaltecem a volta à rotina: "tenho almoçado e jantado, tenho tomado café da manhã; barra pesada não, muito obrigado, tenho levado uma vida sã". Se eu, com as minhas crises de depressão, sei o quanto é bom estar de volta à rotina, imagina uma pessoa com problemas maiores, tipo alocoolismo.
Em "Meu filho, minha filha", ele canta para um filho que ainda não tinha nascido. Aí, vem de novo aquela história de que todo mundo tenta ser o melhor que pode. E aí entra o meu pai na história. Ah, essas músicas dos pais para os filhos!
Tá tudo certo. Feliz aniversário. A gente sempre faz o melhor que pode.
sabe tati, eu também não tenho mais aquele costume de ficar ouvindo ou escolhendo música pra ouvir o tempo todo como eu fazia. no trabalho faço para não ouvir a voz irritante de algumas pessoas, prefiro o mp3. em casa compartilho com o carlos e peço sempre a ele que " bota som", mas se não tiver nada, me delicio com o silêncio. hoje que estou só, botei um requiem de mozart porque não tenho mais saco pra rock.
ResponderExcluirdo que morreu o amigo do seu pai?
Rock? O que é isso?
ResponderExcluirO óbito foi por complicações decorrentes do uso de álcool, parece. Bem chato.
Saudadesssssssssss suas. Regimex tá foda. Hoje nadei. Bjos
tô bebendo um puta chá de sete ervas. chamado seca tudo. quer?
ResponderExcluirHahaha, um dos meus chás do Herbalife tá acabando eu eu numas de economia total tô substituindo por chás da squinho. Eu já bebi um de 30 ervas, mas não adianta beber o chá e se entupir de comida, como eu fazia.
ResponderExcluirSeca mal olhado tb? Cara, tem que secar tudo, porque eu tenho muuuuita banha. Ontem fiz um lance com um aparelho chamado endérmico, sei lá o nome, na massagem modeladora, sei que só doía onde tinha celú e gordura, ou seja: doía para cacete: tinham vários níveis de intensidade, tava num lá que doía, véia, e como! Quero ver um homem aguentar aquilo!
Bjos
Oi Tatiana, fiquei curioso para saber a dedicatória que o grande Sérgio Sampaio, escreveu no Simceramente. É particular ou você podo nos dizer?
ResponderExcluirOi Mata, na verdade eu não me lembro direito, o vinil tá lá na casa dos meus irmãos em Brasília, eu até pegaria para dar uma lida, mas foi algo bem certeiro e simbólico.
ResponderExcluirTitaaaaaaaaaaaa! Nesse final de semana o vizinho tava ouvindo uma música tão insuportável (forró, pagode, sei lá que porra) que eu tive que contra-atacar com algo que neutralizasse aquelas energias negativas (risos). Como tô de saco cheio de rock, peguei um CD de música clássica e viviei no dito cujo. Hoje fui ver e era o que, o que? Requiém em ré menor de Mozart.
ResponderExcluirComo não entendo LHUFAS disso, é o seguinte: tem 13 partes. Em que língua cantam o lance, é em latim? O signifado é muito fúnebre? Tá, eu podia procurar no google, né? Cara, tô viajando total, achando mais pesado que tudo, os caras vão cantando e eu me empolgo tanto quanto num show quando eu tinha 20 anos de idade.
Tô começando entender os véios total. "Discrusive" um cara que todos achavam nerd na faculdade, que delirava com música clássica, e era mal entendido pela gente. Graaande Vinícius.
Bjos
Caraca. O que é o Google. O que é a ignorância humana. Foda, não gostei, me dá agonia, muito fúnebre e muito católico. Genial, mas não consigo me dasapegar dessa minha hojeriza ao catolicismo. Vamos ver se ouvindo com as letras traduzidas sou um bom cordeiro de Deus e sublimo, hahaha.
ResponderExcluirBjos
Fodeu. Tirei o CD na metade da primeira música. Não ouço tão cedo. Tu é louca né Tita, ficar ouvindo música preparatória para a morte? Vou ouvir músicas de ninar, bjos!!!
ResponderExcluirTATI SUA PAIAÇA, EU SEI CANTAR A MÚSICA INTEIRA, EM LATIM ( LACRIMOSA) UM DIA CANTO PRA VC, É LINDO. É FUNEBRE SIM , MAS A BELEZA BROTA DE COISAS MAIS INUSITADAS.
ResponderExcluirLacrimosa dies illa,
Qua resurget ex favilla.
Judicandus homo reus:
Huic ergo parce, Deus.
Pie Jesu Domine,
Dona eis requiem. Amen.
Dia de lágrimas aquele
em que o homem pecador renasça da sua cinza
para ser julgado!
Tende, pois, piedade dele, ó meu Deus!
Ó piíssimo Jesus, ó Senhor,
concedei-lhe o repouso eterno. Amem.