28/08/2008

CONCORRÊNCIA

Menino a cavalo, no município de Jaborandi (BA), 2003.

Táááá, mas o que eu queria dizer não era isso.... É que quando o cara foi sair para a inspeção, não tinha carro disponível. Hahaha, não tinha carro. Só oito. Mas os oito carros, e os oito motoristas que estavam lá, disponíveis, não podiam sair. É que são os carros e os motoristas dos Diretores.

Não faz mal que de fato só quem tenha direito a carro seja o diretor máximo da instituição, ou seja, 01 (um) carro e 01 (um) motorista. Nem que somando as outras diretorias, não se chegue ao número de sete. É que tem que contar chefe de gabinete, secretária, sei lá mais quem....

Agora, para fazer a inspeção, não tem carro, né? Sei...

A resposta para isso? Aquele ar de democratas e amigos dos peões: "ah, mas porque vc não me falou na hora, a gente providenciava um carro". As coisas arrumadas no jeitinho. Arrisca de vc achar que eles estão te fazendo um favor.

CARIMBADOR

Travessia do Barra/Xique-xique, 2003

O fato de eu estar total regimex, maquiagem, drenagem linfática, moda, roupas, não significa que emburreci. Estou cuidando de mim. Talvez até como um modo de pensar noutras coisas, já que gastar meus privilegiados neurônios com os absurdos que ocorrem na esfera maior, nacional, e na que me ronda, a repartição, me esgota muito.

Isso não quer dizer que eu fique passiva nem que eu seja omissa. Apenas estou numa fase em que ando preferindo não me importar. Não perder o sono. Não me irritar, não adquirir mais rugas, não entrar na disputa de poder. Não ter que ter razão. Não ter que provar minha inteligência, não ter que fazer nada além do que já faço. Continuar fazendo, o meu trabalho (e só ele), com a competência que sei que tenho. Quem quiser, veja.

Parafraseando a Tita, me esqueçam. Acho que já andam me esquecendo. É melhor. Não vou em reunião falar nada. Não preciso. Ontem, rolou uma denúncia para um colega de sala ir averiguar. Não era assim uma coisa suuuuper urgente, até mesmo porque as coisas andam tão caóticas que não se tem mais noção do que é prioridade ou não, tipo "vai lá ver o que está rolando". Dona Fulana sente um cheiro desagradável de não sei quê, que pode ser um produto químico.

Pode ser a capa plástica do fio de cobre que a galera rouba e queima para desencapar. Pode ser milhões de coisas. Quando a denúncia chega, o cheiro já passou. Tem a ver com a direção do vento na hora. Aí o técnico vai fazer o quê, molhar o dedo e colocar no vento? Ou usar bola de cristal para saber o que aconteceu?

Claro que um órgão público precisa dar resposta à Dona Fulana, como cidadã. Mas o meu questionamento é: se um Órgão Estadual de Meio Ambiente, com a estrutura que tem, não pode se ocupar de ações mais robustas, como apertar as empresas que estão de fato contribuindo pesadamente para a poluição da Bahia de Todos os Santos, por exemplo. Aquelas, cujo nome a gente já está cansado de saber.

E deixar o cheiro da Dona Fulana para a Prefeitura resolver. E se ocupar de coisas maiores, como o monitoramento dos resíduos, emissões e efluentes, numa escala macro, incluindo inclusive as correntes marinhas e atmosféricas que passam na casa de Dona Fulana, Cicrana e Beltrana.

Não. Fica o Técnico sempre fazendo o varejo. O faz-tudo. Volta, diz no Relatório que nada foi possível de se constatar, arquiva-se. O trabalho vira um cartório.

24/08/2008

TRANSFORMAR


Esses dias eu estava indo para o trabalho (de carona) e a partir de um determinado ponto, havia sempre um ônibus na nossa frente. Nele, quatro garotas que estavam indo para a escola se divertiam no banco traseiro, olhando o percurso, brincando, conversando.

Graciosas, me faziam lembrar do quanto as coisas chatas podem ser divertidas e que a gente tem que se esforçar para isso. Quando perceberam que eu ia fotografá-las, fizeram mais gracinhas ainda. Lindas!

07/08/2008

TEIAS


Mimi se sentia como num casamento de décadas. Não gostava mais daquele trabalho. Não acreditava em mais nada daquilo. O problema é que Mimi nunca foi morna. Só vive sob temperaturas extremas. Se irrita com tanta icompetência e tanta desorganização.

As chefes de Mimi também não estavam satisfeitas em estarem lá, porém cobravam satisfação de todos.

O Hadônio Rocha, coitado, estava a cada dia falando mais alto. Técnicas aprendidas em anos de campanha para o Partido dos Melhores. Ele achava que falando alto, suas palavras talvez adquirissem sentido. Alguém esqueceu de avisá-lo que algumas pessoas estavam fora do seu raio de convencimento.

Mimi estava, definitivamente, fora. Como num casamento: quando as coisas estão ruins, o melhor é a separação.

Queria se separar de todas aquelas pessoas com quem trabalhava. Não dos colegas de trabalho que a abraçavam nos corredores. Mas dos que ditam as normas, os que fazem vista grossa para não serem tirados o poder, enfim: dos que estão lá para que o Partido dos Melhores permaneça.

04/08/2008

DESSEMELHANTE

Os dois, com a camiseta do Grupo Escoteiro, no avião. Lindos, na praia do Farol da Barra Luana e Helena no Farol da Barra Os curitibanos no Farol Vista de cima do Elevador Lacerda. Lá embaixo, o Mercado Modelo.

A titia e os santinhosHelena e suas trançasSuuuper baianosUm batuque mirim Heleninha vendo a Didá passar Eu e os guris no Terreiro de Jesus Dois que não se desgrudam, de grude no Pelô

Henrique jogando capoeira no Mercado ModeloO Elevador Lacerda, agora visto de baixo

Os dois irmãos na Conceição da Barra Os dois na entrada do Solar do Unhão Lelê elegantésima sob a copa de uma árvore Eu e os meninos, numa escada do Solar do Unhão

Bem, eu só faço certos passeios nessa cidade quando vêm amigos meus de fora. Fui com a Luana, Helena e Henrique ao Pelourinho, Mercado Modelo e Solar do Unhão.

A miséria assola a cidade. Tudo decadente. O Pelourinho é bem menos pior de dia que de noite, dá até para passear e sentir um pouco a beleza do lugar. Se vc não quer passar vergonha, não ande no Pelourinho comigo. Porque vergonha, vergonha mesmo, é vc não poder andar em paz pelas ruas, que já vem uma pessoa querer amarrar uma fitinha do Bonfim no pulso.

Logo para cima de moá, camarada? Não vou aguento papinho de "Sorria, vc está na Bahia". Tirando isso, é fantástico poder encontrar com batuques a qualquer hora. Dá até para esquecer que esses mesmos batuques foram o pretexto utilizado para essa massificação cultural que assola a velha Bahia.

O Pelourinho é realmente bonito. Mais bonito nas fotos, que não levam a aura demente dos seus frequentadores. Não revelam o turismo sexual, a prostituição, as drogas, o vício, a pobreza, o conformismo, o roubo, a violência. Revelam apenas pessoas felizes, sorrindo ao lado dos monumentos históricos. Então, que assim seja.

Na Sorveteria Cubana, disputamos espaço com os turistas de excursão. Não entendo como alguém pode fazer um turismo desses, comandado por uma pessoa que usa apito. Hora para chegar, hora para sair. E caros. Os caras têm a manha de cobrar trintão por cabeça para quem está fora dos pacotes andar num buzão. De dois andares, mas buzão, com hora para subir, hora para descer.

Continuando o passeio, descemos o Lacerda e fomos ao Mercado Modelo. Vontade de comprar mil toalhas de mesa coloridas, mas graças a Deus eu estava sem dinheiro. De lá, a pé para o Solar do Unhão - que abriga o Museu de Arte Moderna da Bahia.

Aí a gente entende porque a Bahia é como é. É linda, mas não funciona. Tipo um cara com jeito de gostosão, mas brocha. O MAM brochou. Fui mostrar uma boa vista do pôr-do-sol para as crianças, mas não pudemos passar uma cordinha com uns cones. Um segurança com uma camiseta escrito "Pitta" nos impediu. Informou que haveria um show a partir das 19h. Eram cinco da tarde, e não adiantou eu falar que não tinha nenhum interesse em ficar lá para o show (que aliás devia ser uma bosta). O imbecil achou que eu ia, com aquelas duas crianças, ficar mofando lá por duas horas? Que era golpe?

Parabéns ao Governo Jacques Wagner e ao grande Secretário Márcio Meirelles que conseguiram privatizar um dos poucos espaços agradáveis da cidade. Mostrar o Parque das Esculturas para eles? Não pode, porque estava fechado. Mostrar a escada de madeira projetada por Lina Bo Bardi? Tb não pode, porque está fechado.

Oxi, mas o MAM não tinha ficado fechado em julho de 2007 para reformas? Estaria eu fazendo confusão? Nãããõ, meus amigos. Sorriam. E continuem votando nos moderninhos, nos engajados.

03/08/2008

QUARENTINHA


Meus monstros estão ficando todos coloridos e divertidos.