Embora eu tenha pensado no dia anterior com que roupa eu iria, provo quatro modelitos diferentes. Acabo decidindo pelo primeiro. Amaldiçoo meu cabelo e dou uma disfarçadinha no rosto. Erro uma 20 vezes o traço de delineador e penso em quantos minutos de atraso significa cada algodão embebido no demaquilante.
Desço apressada e o esquecimento do batom, do telefone e daquela passadinha de perfume me fazem subir por várias vezes a escada, me lembrando que não posso correr feito uma louca pois estou de salto.
Quando finalmente entro no carro e dou a ré, PUM! A pressa era tanta que não esperei o portão abrir. Cacete, velhooooo! Acabei de pegar o carro na oficina, onde ficou um mês. Ficarei muito tempo sem nenhum tostão para pagar a conta. Será que bateu muito?
O portão emperra na metade e eu tenho que sair no meio daquele DILÚVIO para ver o que eu faço da vida. Chavinha filha da mãe, abre! Tiro a terra e as gramas que impedem que eu coloque o portão no modo manual. Abro, Saio. Força! Força! Força! Caaara, esse portão não fecha.
Dane-se. Dane-se mil vezes! Vou assim mesmo! Encharcada, cabelo pingando, portão aberto e maquiagem borrada. Agora vou só de raiva, quem mandou me apresar? Vai me ver assim, mas feia e mais desarrumada que o demo!
No meio do caminho penso que não posso cair na pilha dos outros. Tenho que fazer as coisas no meu tempo. Um pouco mais ágil, mas no meu tempo. Senão eu surto.
Daíííííí eu chego no restaurante e ele se atrasou.