27/12/2010

MAPS

Proximidades da minha (?) casa em Curitiba. 2009.


1996. Ainda apaixonada pelo Mário, com quem eu havia começado a namorar no ano anterior, voltei para Curitiba.

Não tinha internet. Não tinha celular. Não tinha torpedo, Facebook, Twitter. E sinceramente, acho que o Mário não usaria muito essas coisas. 

Tinha o que continua tendo: telefone - com interurbanos caros - e correios, onde a gente podia mandar e receber cartas com desenhos e mil palavras.

O caso é que quando voltei para Curitiba, o Mário estava namorando. 

A gente não namorava mais, mas eu sabia que ele gostava de mim. E eu o amava. 

Fui lá no bar que ele tinha, falei que tinha voltado,. Não foi fácil ter coragem para chegar lá na cara dura e conversar com ele na cozinha.

Não dava, ele gostava da menina.

Chorei, me arrastei, implorei. O que havia de ser maior que o meu amor por ele? (bem egocêntrico isso)

Fiquei num inferno mental. Ia aos shows, via o M. sozinho, ela nem sempre ia.

Eu e o Mário sempre fomos muito amigos, tínhamos muita coisa além do namoro. 

Além de tudo, vários amigos torciam por nós.

Um dia, perguntei a um deles onde o M. estava morando.

- Vc vai até o terminal não sei qual, anda tantas ruas, vira à esquerda, é a terceira casa, de portão azul.

Numa manhã, ao voltar da night, ouvi tanto PJ Harvey que achava que ela me entendia.

Tomei banho e fui para a casa dele.

Procurei, procurei, perguntei para várias pessoas, mas nada.

Até que, não sabendo mais se eu estava à esquerda ou à direita, se tinha andado dezenove ou vinte e sete quadras, eu achei uma casa de portão um pouco azulado.

Tinha um gramado e uma criança brincando num balanço.

Uma mulher veio e me atendeu. Perguntei:

-Aqui é a casa do Mário?

Sim, era.  Ela perguntou o que eu queria com ele. Falei que era coisa nossa.

Então ela me falou que o Mário era marido dela.

Hã? 

Alguma coisa não estava certa. O M, casado e com uma criança brincando no balanço de uma árvore?

- O Mário, um grandão, assim, assado?

- Não, o Mário é meio baixinho, até.

Ah, tá.

Achei melhor ir para casa e dormir um pouco.